‘Corra, Querida, Corra’ surpreende ao usar baixo orçamento a seu favor


Corra, Querida, Corra, de Shana Feste

A Blumhouse Productions é uma produtora bastante instável e, portanto, imprevisível no que se diz a qualidade de suas produções. Reconhecida por apostar em filmes de horror de baixo orçamento, apenas em 2022 ela foi responsável pelo ótimo O Telefone Preto, mas também por péssimas produções como Chamas da Vingança e They-Them: O Acampamento.

Desde 2020, o Prime Video se tornou um bom receptor da Blumhouse, abrindo seu streaming para receber a ‘‘Welcome to The Blumhouse’’, uma série de filmes baratos contendo 8 títulos de qualidade duvidosa que mais serviram como uma aquisição de preencher catálogo que para se trabalhar com promoção e impor como produto de destaque. Evidenciando tal histórico, Corra, Querida, Corra entra no streaming tão despercebido como os outros filmes, mas guarda um grande diferencial: é um bom filme.

No filme, Cherie, vivida pela promissora Ella Balinska, tem um jantar de trabalho que acaba se tornando um encontro. No final do date, o pretendente de Cherie não era bem o que ela esperava. Ethan (Johan Philip Asbæk) se revela um homem extremamente agressivo que promete caçá-la e matá-la até o final da noite.

Corra, Querida, Corra, de Shana Feste
Pilou Asbæk e Ella Balinska em Corra, Querida, Corra

Partindo dessa premissa, encontramos em Corra, Querida, Corra algo que normalmente não se vê em outras pequenas produções da Blumhouse. A diretora, Shana Feste, ao longo do filme, não te faz solícitos e implícitos pedidos de desculpas ou de reavaliação do seu conteúdo a partir das limitações de produção. Feste, opostamente, se compromete em fazer mais que uma cópia de produções famosas de Horror, usando sua criatividade para superar a falta de incentivo orçamentário.

A atmosfera de Horror Urbano também é algo a se elogiar. Ao capturar a cidade de Los Angeles percorrida por Cherie, a diretora demonstra habilidade em criar tensão a partir de diversos espaços, seja nos bairros nobres situados no centro da cidade, em grandes espaços com alta concentração de moradores de rua ou nos subúrbios.

Em adição, enquanto faz Cherie correr quilômetros e nos deixar tensos, o filme vai trabalhando com algo que aparenta estar quase paralelo à narrativa, afinal, há elementos que vão sendo jogados na tela como ampliadores de dificuldade ou informações de prevenção que, mais tarde, se unem e nos revelam como um plot.

Essa virada na história é algo clássico dos filmes Blumhouse, fomentando habitualmente em suas produções aquele tipo de plot-twist que muda completamente a narrativa e ajuda a descredibilizar a produção em questão. Em Corra, Querida, Corra, talvez, essa surpresa na história não fosse algo necessário, mas não se pode afirmar que ela não funciona.

Ella Balinska em Corra, Querida, Corra
Ella Balinska em Corra, Querida, Corra

A diretora, ao ter que se virar diante das limitações, une o Horror Urbano ao Terror Sobrenatural com tamanha perspicácia. Para evitar possíveis CGI’s ou efeitos práticos de baixa qualidade, ela opta sempre por girar a câmera ou exibir apenas reações faciais quando acompanhamos uma cena que seria custosa, criando assim um estilo autêntico para a própria narrativa.

+++ Leia a crítica do filme ‘Terra Assombrada’

Em meio a tantas produções anuais da Blumhouse Productions, Corra, Querida, Corra é um dos melhores lançamentos por apresentar consistência, estilo e imprevisibilidade coesa, pontos que, normalmente, não vemos em qualquer produção do estúdio.


Poster do filme Corra, Querida, Corra

FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

Título Original | Ano:  Run Sweetheart Run  | 2020
Gênero: Suspense, Terror
País: EUA
Duração: 1:44 h
Direção: Shana Feste
Roteiro: Shana Feste, Keith Josef Adkins e Kellee Terrell
Elenco: Ella Balinska, Pilou Asbæk, Clark Gregg, Shohreh Aghdashloo, Dayo Okeniyi, Sagan Rose e outros
Data de Lançamento: 28 de outubro de 2022 (Brasil)
Censura: 18 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


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