‘Terra Assombrada’ explora terror psicológico de forma competente


Cena do filme Terra Assombrada, 2018
Caitlin Gerard em Terra Assombrada

A casa e o vento são dois elementos extremamente importantes para a narrativa de Terra Assombrada (The Wind, 2018), western horror de Emma Tammi para roteiro de Teresa Sutherland. São dois exemplos das muitas simbologias presentes no filme de estreia em longas da diretora. Enquanto o primeiro simboliza o refúgio, o segundo surge ora ameaçador ora sereno, mas sempre presente ao longo do filme, isso explica o seu título, modificado para o mercado brasileiro com a clara intenção de dar um ar mais “assustador”.

Ambientado no velho oeste americano, em uma terra árida, inóspita e marcada pela ausência de contatos, o filme acompanha o jovem casal Macklin (Lizzie e Isaac) vivendo nesse ambiente hostil, com pouquíssima interação em tela, e mais períodos de afastamento do que de convivência.

Na maior parte do tempo, a esposa surge em tela sozinha, lidando com os afazeres da casa, com as agruras dessa terra afastada de tudo e de todos e com os seus sentimentos e pensamentos totalmente influenciados pela atmosfera do lugar. E é através do ponto de vista de Lizzie que se desenvolve toda a trama.

A chegada de um outro jovem casal para as redondezas surge como a oportunidade de amenizar a solidão, principalmente de Lizzie, que logo faz amizade com Emma. Mas ao adentrar o mundo dos novos vizinhos, aos poucos ela vê o relativo equilíbrio de seu mundo ser quebrado e, aos poucos, sentir-se consumida por uma série de novas aflições.

Inicialmente narrado no tempo presente, na segunda metade Terra Assombrada passa a alternar entre dois tempos. Essa alternância entre duas linhas de tempo permite que, de forma lenta e sutil, detalhes e acontecimentos importantes sejam revelados para melhor entendimento do psicológico da personagem principal e também da trama. Esse trabalho de edição, dinamiza o ritmo relativamente lento da narrativa, marcada por poucos diálogos.

Caitlin Gerard em Terra Assombrada (2018)
Caitlin Gerard em Terra Assombrada (2018)

O trabalho de Fotografia e Edição de Som aqui são imprescindíveis e eficazes para criar o clima de tensão e às vezes um ambiente onírico, com a câmera sendo praticamente como a própria visão de Lizzie ou de alguém que a acompanha quando caminha nos momentos fora da casa.

Transitando por uma linha tênue entre o psicológico e o sobrenatural, o trabalho de direção de Tammi é excelente em construir uma clima de tensão e repleto de simbolismos e sutilezas que persistem até a última cena.

Apesar do orçamento relativamente baixo, é um filme recomendável para quem busca um bom suspense, com momentos de tensão, sem sustos forçados ou jump scares. Onde a atenção nos detalhes (visuais e sonoros) será sempre necessária.

+++ Leia a crítica de ‘Um Clássico Filme de Terror’

Há aqui uma trama bem construída sobre perdas, distanciamento, solidão e traumas psicológicos. Nem tudo estará escancarado. E o final, embora não totalmente aberto, suscita várias interrogações a serem respondidas e discutidas após o seu término.

ASSISTA AO TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=WVZBNT0Ap-A

Poster do filme Terra Assombrada (The Wind)

FICHA TÉCNICA:

Título Original | Ano: The Wind | 2018
Gênero: Mistério, Terror, Suspense, Drama
País: EUA
Duração: 1h28min
Direção: Emma Tammi
Roteiro: Teresa Sutherland
Elenco: Caitlin Gerard, Julia Goldani Telles, Ashley Zukerman, Dylan McTee, Miles Anderson, Martin C Patterson e outros.
Data de Lançamento: 21 de outubro de 2020 (Brasil)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
Curiosidade: A cena de abertura foi inspirada em ‘Carrie, A Estranha’ | A história do filme foi inspirada por relatos históricos reais de mulheres da época


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