Eu tenho uma relação de amor e ódio pela Blumhouse. Ao mesmo tempo em que o estúdio costuma entregar boas produções para o público, consegue produzir na mesma intensidade filmes intragáveis, de muito difícil consumo. Devido a esse cenário, todo material anunciado pelo estúdio pode ser visto como imprevisível, tornando qualquer filme uma verdadeira experiência, afinal, para a Blumhouse não existe meio termo: Ou o espectador sai maravilhado ou termina o filme considerando umas maiores atrocidades que já assistiu.
Se a Blumhouse vive de extremos, Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim está no lado destinado às atrocidades. Adaptação de uma série de jogos de enorme sucesso com o mesmo nome, a essência do jogo e a sua constante atmosfera assustadora (quem já jogou ou assistiu alguma gameplay, sabe disso) são aniquiladas.
Visto que Five Nights at Freddy’s chega deturpado ao cinema, é válido questionar o porquê disso, porém não é necessário reformular uma resposta muito complexa para responder tal pergunta, basta olhar o PG-13 em sua classificação indicativa.
Mais uma vez, a Blumhouse abre mão de um terror visceral para conseguir atrair para o cinema um público mais jovem. Pelo ponto de vista comercial, a decisão é acertada, afinal, os jogos são consumidos sobretudo por adolescentes nessa mesma idade. No entanto, do ponto de vista artístico, a obra tem dificuldade em todos os aspectos possíveis. Essas dificuldades não são propriamente consequências do PG-13, mas é impossível de se negar que a classificação não interfere no processo. Nesse sentido, eu me arrisco a dizer que a descaracterização do jogo é fruto dessa classificação indicativa, afinal, o game tem como uma de suas principais características o jumpscare. E sabemos que jumpscares são populares no cinema, então, qual é o motivo para sua ausência?!
Se o PG-13 fez a obra ganhar novos ‘‘ares’’, é importante que avaliemos apenas seu resultado final e unicamente ele. Dessa forma, sem comparar com o jogo, cabe notar que Five Nights at Freddy’s faz o completo oposto de M3gan, obra que consegue lidar com a limitação por idade ao mesmo tempo que é extremamente competente na sua proposta. Se M3gan é autoconsciente e tem tons do cinema trash, o que resulta em um genérico proposital, Five Nights at Freddy’s é apenas genérico. Parece que ao saber do PG-13, os roteiristas e a diretora Emma Tammi apenas acataram as ordens do estúdio e não tentaram fazer nada diferente.
+++ Leia a crítica de ‘Corra, Querida, Corra’, de Shana Feste
E é uma pena, pois Emma Tami é a diretora responsável por Terra Assombrada, filme que lida muito bem com o isolamento, com o silêncio e faz um bom terror psicológico a partir disso. Em Five Nights, infelizmente, as características do seu próprio jeito de fazer cinema não são aproveitadas, Emma apenas realiza um filme de estúdio feito para lucrar e confirmar uma franquia.
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FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:
TÍTULO ORIGINAL: Five Nights at Freddy’s
ANO: 2023
GÊNERO: Terror, Mistério, Suspense
PAÍS: EUA
IDIOMA: Inglês
DURAÇÃO: 1:49 h
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos
DIREÇÃO: Emma Tammi
ROTEIRO:Scott Cawthon, Seth Cuddeback e Emma Tammi
ELENCO: Josh Hutcherson, Piper Rubio, Elizabeth Lail, Mary Stuart Masterson, Matthew Lillard e outros
AVALIAÇÕES: IMDB
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