Quinto álbum do Wild Beasts, ‘Boy King’ deixa pra trás todas as características essenciais na música do quarteto
Li em algum blog ou rede social que Boy King, o disco novo do Wild Beasts, não chegava a ser uma catástrofe, e sim, uma grande decepção. Semântica à parte, catástrofe deve ser utilizado para algo que mata ou destrói, uma tragédia. Decepção sim, cai melhor para esse mundo das artes. Ô mundo que volta e meia nos presenteia com belas produções, ou como meu amigo Luciano citou numa outra resenha, aquela obra que lhe traga um efeito mágico. Muitas vezes não, e a gente, naquele gesto de insatisfação, ou mesmo de incompreensão, balança a cabeça tentando assimilar o que aconteceu ali.
Boy King, o quinto trabalho do quarteto, infelizmente me deixou inquieto, gerando na minha pessoa o gesto que já citado acima. Na quinta canção do álbum, na terceira audição apática e forçada, tentando encontrar ainda o efeito mágico que esses ingleses nos causaram lá, em 2008 com Limbo, Panto e que concretizaram perfeitamente com Two Dancers (2009). Não encontrei, larguei tudo. Mesmo que Present Tense (2014) já estivesse puxando pro lado eletrônico e não tenha chamado tanta a atenção assim como os três primeiros discos, é intolerável presenciar o que acontece em Boy King. Ou melhor dizendo, o que não acontece, as qualidades ausentes de uma banda que, um dia, foi considerada como uma das melhores desses tempos.
O problema de Boy King, como mencionei, não é pular de vez pra eletrônica. Longe disso. O problema, – ou problemas, melhor assim – são vários: não ter melodia, praticamente não ter uma canção marcante, as guitarras dedilhadas estão extintas, o cuidado com o instrumental ficou de lado e cadê aquele maravilhoso dueto entre as vozes de Hayden Thorpe e Tom Fleming? Ambos já me deixaram num estado de transe em muitos momentos da minha vida, fosse na minha jornada de trabalho ou fosse no isolamento de meu quarto escuro. O efeito mágico surtido ao máximo, sabem?
Alguma coisa se salva. Muito pouco. Uma insegurança de indicar qual a canção mais apropriada dentro do conceito sonoro fiel e (até único) que tirou o Wild Beasts de seu anonimato, que lançou o grupo aos olhos do mundo, pras listas de fim de ano. “Celestial Creatures”, talvez? Tem uma levada até bacana e a voz de Thorpe continua enfeitiçando. Alguma outra? “Dreamliner” que fecha o disco até faz lembrar o Wild Beasts de uns 6 anos atrás. A melancolia ficou bonita aí. Espera aí, quem fecha o disco é “Boy King Trash” com seus 21 minutos. Sim, isso mesmo. Mas é algo que nem deveria ter ficado no disco. Não faria falta alguma, sobretudo nessa hora.
+++ Leia a crítica de ‘Two Dancers’, do Wild Beasts
Acreditar ainda é preciso. O grupo tem seu tempo e sua reflexão de voltar às suas raízes ou de continuar nessa empreitada. Se for dessa segunda forma, como apreendi em Boy King, preciso ficar ouvindo discos antigos da banda para voltar a me encantar. Isso é ruim, inaceitável até. A gente sempre quer uma banda preferida em constante evolução positiva.
FAIXAS:
01.Big Cat
02.Tough Guy
03.Alpha Female
04.Get My Bang
05.Celestial Creatures
06.2BU
07.He the Colossus
08.Ponytail
09.Eat Your Heart Out Adonis
10.Dreamliner”
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