“Estreia solo de vocalista do Wild Beasts é intimista e se afasta do passado”
Os movimentos dos integrantes de uma banda pós separação às vezes fornecem pistas sobre prováveis razões para o rompimento, indicam caminhos musicais que pareciam enclausurados, mas que em solo se tornam “libertos”, a tal das “diferenças musicais”, que tanto são alegadas para o término de muitas associações.
O Wild Beasts, uma das mais excitantes surgida na década de 00, lançou cinco álbuns de inéditas e encerrou seu ciclo. No caso das “bestas selvagens”, as coisas parecem ter chegado ao fim de forma amigável. Lançaram um álbum de despedida com versões diferentes para suas canções e fizeram alguns shows de fechamento. Um desgaste natural teria sido a razão.
Diviner é a estreia solo de Hayden Thorpe, ex-vocalista/guitarrista da banda. Percebe-se o músico passeando por canções de andamentos lineares, enquanto sua voz, que antes costumava render-se a histrionismos, impõe-se de forma suavemente delicada, e num tom sóbrio.
É um álbum essencialmente acústico, foi composto ao piano, mas não fechado nesse conceito, abre-se concessões para que outros elementos surjam para enriquecimento dos arranjos: teclados, sintetizadores e outros.
Mais do que a busca de uma “identidade musical” ou um caminho para uma possível carreira solo, é como se Thorpe sentisse impelido a botar pra fora essas canções, nas palavras do próprio: “reencontrar-se”, e o piano foi o instrumento em que o músico encontrou a forma adequada para dar vazão a isso.
Musicalmente, os fãs dos Wild Beasts poderão não se conectar com alguma das canções que compõe o álbum. Mas os apreciadores da voz aveludada de Thorpe e da música que faz aflorar sentimentos, inclusive por conta das letras de viés reflexivo, sentir-se-ão agraciados por uma coleção de canções para lhes fazer companhia por alguns minutos ou por toda a vida.
DESTAQUES: “Diviner”, “Earthly Needs”, “Love Crimes”.
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:: FAIXAS:
01. Diviner
02. Straight Lines
03. Earthly Needs
04. Love Crimes
05. Stop Motion
06. In My Name
07. Anywhen
08. Human Knot
09. Spherical Time
10. Impossible Object
Dentro de uma perspectiva análoga ao universo do Wild Beasts, particularmente achei mais interessante que os últimos álbuns da banda. Parabéns pela resenha que “demorou, mas chegou”!