‘Group Sex’, o seminal álbum de estreia do Circle Jerks


Group Sex, seminal álbum de estreia do Circle Jerks, do vocalista Keith Morris, foi lançado em 01 de outubro de 1980. Poucos anos antes, Morris integrava a primeira formação de uma das primeiras bandas de Hardcore americano, o Black Flag.

O Black Flag havia sido formado em 1976, sob o nome Panic, e construiu sua reputação em torno de um som intenso, rápido e selvagem, bem como em torno das apresentações tresloucadas e agressivas e cheias de carisma, cortesia de Morris. O vocalista, porém, entrou em divergências com o guitarrista Greg Ginn, e deixou a banda em 79, após as gravações do EP Nervous Breakdown. Segundo o próprio, seu vício em cocaína e speed também colaboraram para que Ginn o expulsasse do Black Flag.

Em 1980, juntando forças com o então ex-guitarrista do Redd Kross (e futuro guitarrista do Bad Religion), Greg Hetson, formou o Circle Jerks. Morris levou para os Jerks sua presença de palco maníaca, além de suas composições cheias de ironia, não conformismo, niilismo e algum hedonismo junkie. 

O Circle Jerks era intenso, rápido, agressivo e enérgico, tão ou mais que as outras bandas Punk de Redondo Beach. Group Sex, o incendiário álbum de estreia, tinha catorze músicas e pouco mais de quinze minutos de duração.

As polêmicas se iniciam com o nome da banda/álbum. É claro que um álbum chamado ‘Sexo Grupal’, de uma banda chamada ‘Círculo de Punheteiros’ teria “divulgação adequada”. De certa forma, o tempo fez justiça e reconheceu a importância do disco, tornando-o icônico. Além disso, o Circle Jerks já nasceu com papel significativo na incipiente Cena Punk Californiana. Juntamente com o Black Flag e os Dead Kennedys, foram responsáveis por influenciar toda uma geração de jovens que, uma década depois, formaria a Segunda Onda Punk, que teve papel relevante na música mainstream dos anos 90.

O álbum têm duas sequências icônicas de músicas, sendo a primeira já na abertura: “Deny Everything”, “I Just Want Some Skank” e “Beverly Hills”. A outra sequência é “Don’t Care” (já gravada anteriormente pelo Black Flag, mas, aqui, na velocidade da luz), e “Live Fast, Die Young”. Essa sequência já recebeu inúmeras homenagens – o Pennywise já registrou sua versão das músicas para a coletânea Bored Generation, de 1996.

E é evidente que o disco não se limita a cinco músicas. Todas são enérgicas, empolgantes e de sonoridade rápida e agressiva – um padrão que passou a ser explorado por aquele novo estilo, o Hardcore, naqueles tempos. “World Up My Ass”, “Back Against The Wall”, e a magnífica “Red Tape” (já gravada pelo Ratos de Porão no volume internacional da divertidíssima coletânea de covers Feijoada Acidente, de 1995) são mandatórias em qualquer playlist que se proponha a tocar Hardcore.

“Wasted” é outra faixa que também foi registrada primeiro com o Black Flag. Quando o Circle Jerks a gravou sem citar Greg Ginn como co-autor (Ginn é o autor da melodia original), o Black Flag então regravou a melodia original com a letra de “You Think That I Got Something Personal Against You”, com Ron Reyes no vocal.

Ao longo da carreira, o Circle Jerks lançou seis álbuns de estúdio, passou por dois longos hiatos (permitindo que Hetson seguisse longa participação no Bad Religion, de onde saiu em 2013), e segue ativo e em tour. Keith Morris, com o passar dos anos e com o reconhecimento de bandas como NOFX, Pennywise, Rancid e muitas outras, é tido hoje como uma figuras icônicas na gênese do Hardcore.

+++ Leia na coluna ‘Prazeres Plásticos’ sobre ‘Live at CBGB’, do Agnostic Front

Morris (junto com outros ex-membros do Black Flag), foi processado por Greg Ginn em 2013. Na época, o Black Flag havia sido reformado por Ginn e Reyes, e Morris rodava os EUA com a banda FLAG, tocando músicas de sua época. Ginn perdeu na justiça.

Morris também formou a superbanda punk OFF!, com a qual já gravou três álbuns e vários EP’s.

[NE: Em outubro de 2020, no aniversário de 40 anos do álbum, foi lançada uma edição comemorativa pelo selo de Matt Pincus e Joe Nelson, o Trust Records. Essa edição contou com uma nova embalagem, produzida por Robert Fisher (Designer de Nevermind, do Nirvana), e trouxe de bonus uma gravação de ensaio de 1980 e um livro de 20 páginas com fotos inéditas e textos de Ian MacKaye, Tony Hawk, Mike Patton, Shepard Fairey e Lars Frederiksen]

Circle Jerks – Group Sex

FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

ANO: 1980
GRAVADORA: Frontier Records
FAIXAS: 14
DURAÇÃO: 15:25
PRODUTOR: Cary Markoff, Circle Jerks
DESTAQUES: “Red Tape”, “I Just Want Some Skank”, “Beverly Hills”, “Don’t Care”, “Live Fast, Die Young”
PARA FÃS DE: Hardcore, Black Flag, Dead Kennedys, Bad Brains

 

Previous ‘Songs of Faith and Devotion’, o álbum aclamado que esfacelou o Depeche Mode
Next Andy Rourke e as inesquecíveis linhas de baixo dos Smiths

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *