Do início ao fim dos anos 80, os EUA passaram pela administração de direita de Ronald Reagan, entre os anos 1981 a 1989, com algum êxito em manter os EUA como principal potência econômica do planeta. Porém, para os mais pobres e miseráveis, para os imigrantes, para as minorias, os anos 80 foram muito difíceis.
A desigualdade social, a luta proletária, a discriminação racial e a xenofobia, a opressão/repressão policial, a austeridade fiscal, o déficit econômico das parcelas mais à margem da sociedade, as recorrentes ondas de violência, o crescente tráfico de drogas eram alguns dos problemas. Os problemas do país não eram diferentes, num olhar macro, da cidade de Nova York (apesar da administração democrata do período), que no final dos anos 70 e durante os 80 ainda era um grande subúrbio e uma das cidades mais violentas do planeta.
Nesse cenário político-social, TUDO acabou sendo motriz para um movimento, um expurgo de toda raiva contida nos jovens: surgia o Hardcore, subgênero mais rápido e raivoso, oriundo da simplicidade e crueza do Punk, que emprega velocidade e urgência ao discurso de jovens dispostos a erguer suas vozes em protesto ao sistema.
O Hardcore rapidamente se espalhou pelo país, pelas Américas, pelo mundo.
Em 1980, surge, no bairro do Bronx, o Agnostic Front – A MAIS IMPORTANTE BANDA DE HARDCORE DE NOVA YORK.
Desde 1983, quando lançaram o EP United Blood, passando pelo primeiro álbum Victim In Pain (1984), e a sequencia com Cause for Alarm (1986) e Liberty And Justice (1987), a banda foi pioneira em adotar uma postura raivosa, estabelecendo papel fundamental numa espécie de “código de conduta moral” de todo o movimento. Também incorporaram elementos do Thrash Metal em seu som, sendo corresponsáveis pelo Crossover de estilos.
Live At CBGB é um registro feito em agosto de 1988, no lendário clube punk nova-iorquino, onde absolutamente todo o desprendimento de energia conseguiu ser condensado em pouco mais de 33 minutos e 19 músicas.
De capa icônica, com canções que evocam a união de punks e skinheads – a banda afirmava que eram skinheads, porém contrários ao pensamento fascista do movimento skin europeu -, além do conteúdo lírico de críticas aos dissabores de serem periféricos e pobres e desempregados em uma América em que apenas os cristãos brancos e ricos prosperavam.
A maior faixa do álbum, “Eliminate Me”, tem meros 3:02. Isso significa que absolutamente tudo tem urgência, imediatismo. O discurso é direto e seco, como um pontapé (iconicamente desenhado na capa).
Críticas à xenofobia aparecem em “Discriminate Me”, junto a outros hinos da história do Hardcore mundial que estão reunidos aqui: “Victim in Pain”, “Public Assistance”, “Friend of Foe”, “Your Mistake”, “Anthem” e, no meio de todas elas, os dois maiores clássicos da banda, “United and Strong” e “Crucified”.
Roger Miret (o vocalista, imigrante cubano) e Vinnie Stigma (guitarrista, fundador e único membro original) são considerados entidades dentro do estilo. Suas vidas foram esmiuçadas no documentário The Godfathers of Hardcore (2017), de Ian MacFarlane.
Em 1989, Miret foi preso por envolvimento com drogas e tráfico. Stigma também teve seus problemas com a justiça. A banda passou por hiato e inúmeras formações, mas os dois mantêm a banda ativa há mais de 40 anos.
+++ Leia sobre ‘Necropolítica’, do Ratos de Porão
O Agnostic Front está na gênese de um estilo e cultura muito difundida nos anos 90 por bandas como Sick Of It All, Biohazard e Madball. Junto deles, ainda nos anos 80, vertentes dentro do estilo foram surgindo, mas, repito o Agnostic Front está na gênese do estilo e segue sendo influente e importante.
Vida longa ao Agnostic Front!
Clique AQUI para assistir ao documentário The Godfathers of Hardcore, de Ian MacFarlane.
Ano | Selo: 1989 | In-Effect Records
Faixas | Duração: 19 | 33:59
Produtor: Norman Dunn
Destaques: “Victim in Pain”, “Public Assistance”, “Friend of Foe”, “Your Mistake”, “Anthem”, “United and Strong” e “Crucified”
Pode agradar fãs de: Hardcore
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