PARABÓLICA 2023 #1: The Almighty Devildogs, Dalmatans X e Mundo Inverso



Tantas músicas. Tantas palavras. Tão pouco tempo…

Controlando os sentimentos e administrando o tempo para encontrar palavras que descrevam a música que descobrimos diariamente, semanalmente, anualmente, através dos anos…

Abrimos esse 2023 com a primeira edição da coluna Parabólica com três lançamentos nacionais, dentre tantos outros, que despertaram nossa atenção:  O EP Flip for a Moment, da banda Dalmatans X; Autorama, o novo single da banda instrumental The Almighty Devildogs; e o single Tudo Tem Seu Tempo, de Mundo Inverso.


The Almighty Devildogs – Autorama (Maxilar Music)
Por Luciano Ferreira

The Almighty Devildogs – Autorama

O Autorama é um clássico brinquedo de corrida criado na década de 60 pela empresa Estrela, mas que no Brasil se tornou muito popular no final da década de 70 e início dos anos 80 – qual criança daquela época não sonhava em ter um? Homenageando o clássico brinquedo, há a veterana banda Autoramas. E agora o The Almighty Devildogs resolveu homenagear o guitarrista Gabriel Thomaz, que além de capitanear a banda Autoramas, também é dono do selo Maxilar Music. Formada em 2003, a sonoridade do trio formado por Vinicius (guitarra), Sergio (baixo), e Montinho (bateria), transita pela Surf Music, Rockabilly/Psychobilly e agrega elementos de Sci-Fi nos arranjos: vozes e samples (“Plano 9”, “Eles Vivem!”), Cinema de Horror (ouça o EP Maldito), Quadrinhos (“Wesley Dodds”) e temas “vintage”. Musicalmente, citam influências de Dick Dale a Man or Astroman?, passando por The Cramps, Dead Kennedys e Misfits. Na discografia, um álbum de inéditas, um ao vivo, alguns EP’s (incluindo um só com versões do Man or Astroman?) e vários singles lançados. “Autorama”, o novo single, sintetiza um pouco de todas as referências citadas, numa canção instrumental que remete aos clássicos da Surf Music. A faixa tem a participação especial do guitarrista Alexandre Saldanha, e o lado B traz uma versão 2023 para “Mephisto”, lançada originalmente no EP Corre, de 2009.


Dalmatans X – Flip for a Moment (Independente)
Por Rodrigo Melão

Dalmatans X – Flip for a Moment

Dalmatans X é uma banda de hardcore de Salvador/BA, formada em 2021. Em 2022, lançaram dois singles que impressionam pela qualidade e clareza da gravação: “Sheep’s Shadows” e “Silly Guys”. Chama atenção dois fatos: a) Lucas (vocal/guitarras), Carol (baixo/backing vocais) e Rudá (bateria) demonstram íntima relação com o hardcore anos 90, ainda que tenham nascido num período em que a veia mais inconformista do estilo perdia espaço para vertentes mais pop e menos agressivas; b) Apesar do discurso por vezes utópico, adequado à tenra idade, o Dalmatans X soa como uma banda madura, com músicas bem construídas dentro da estética do hardcore. Tão bem construídas que conseguem transitar entre vertentes do estilo, agradando o fã de Blink 182, pela clareza e qualidade do som; o fã de Face to Face ou NOFX, pela energia desprendida, a bateria galopante e as ótimas harmonias vocais; e o fã de Gorilla Biscuits, pelo positivismo das letras e peso típico do Hardcore nova iorquino. Vale frisar o conteúdo da banda, bastante adequado para seu tempo: a estéril necessidade de likes nas redes sociais, a inclinação ao straight edge através da negação às drogas, a idiotização de vídeos curtos que não propõem pensamento crítico, e as angústias e pressões que nosso acelerado mundo empregam nessa geração. Meus destaques vão para “Cool Little Riff”, “GD” e o single “Sheep’s Shadows”. Ótima estreia de uma banda promissora. (TEXTO NA ÍNTEGRA AQUI)


Mundo Inverso part. Natalie Mess – Tudo Tem Seu Tempo (Independente)
Por Luciano Ferreira

Mundo Inverso part. Natalie Mess – Tudo Tem Seu Tempo

O EP de cinco faixas Oscilação Interna (2019) foi o último trabalho lançado pelo sorocabano Rafael Negrini sob a alcunha de Mundo Inverso. “Tudo ao Seu Tempo”, seu novo single, dá continuidade a “Ansiedade Social” (single de 2022), e mantém o músico no ciclo de lançamento de seu primeiro álbum. Dividindo os vocais com a multiartista e também sorocabana Natalie Mess, Mundo Inverso entrega uma canção em que sobressai a sutileza instrumental e a ambientação etérea dos vocais, repletos de eco e reverberações típicas do Dream-Pop. Sem medo de errar, é possível afirmar que a faixa é o resultado melhor acabado na busca de uma linguagem sonora própria que provoque no ouvinte sentimentos de conforto e total absorção. Entre texturas cristalinas de guitarras, synths profundos e uma bateria que parece descompassar o ritmo (coração), Mundo Inverso apresenta em “Tudo ao Seu Tempo” uma letra de cunho romântico que fala em se perder ao lado do(a) outro(a), narrando o lado sereno do relacionamento e, como tudo que o artista tem feito até aqui, é um trabalho intimista e para momentos de reflexão ou para quem apenas deseja “viajar”.


 

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