Em ‘Picture You’, The Amazing esbanja sofisticação e riqueza melódica


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Quarto álbum da banda sueca The Amazing, ‘Picture You’ vai do Progressivo ao Folk-Rock com maestria

Já está estabelecida a cena musical sueca como uma das mais impressionantes e de efervescência criativa. Num país com aproximadamente dez milhões de habitantes, a quantidade de bandas com propostas musicais no mínimo interessantes e diversificada chega a abismar. Então, se o ouvinte não tem preconceitos em relação à nacionalidade das bandas, gosta de conhecer bandas novas, acha que a maioria dos álbuns de 2015 apenas provocam uma espécie de fastio entediante, vale tentar Picture You, do  The Amazing, um combo formado por membros das bandas Dungen e Granada.

Aos que se sentem desconfortáveis com álbuns com mais de quarenta minutos, vai o alerta: Picture You tem mais de uma hora de duração, em dez canções. Aos que ainda assim se aventurarem a ouvir o disco, encontrarão uma banda que, em primeiro plano, tenta evidenciar seu amor pela música, trazendo para suas composições uma diversidade de elementos que vão do Rock Psicodélico ao Folk-Rock e chegando perto do Progressivo.

Apesar da mistura de gêneros, Picture You é coeso do início ao fim. As harmonias vocais e o bucolismo por vezes poderá levar a comparações com os americanos do grupo Midlake, inclusive por causa da riqueza melódica; ou a Mark Kozelek (Red House Painters), devido a semelhança vocal. Há uma aura semelhante que paira no trabalho do The Amazing e no dos artistas citados. As referências setentistas muito explicam essa aproximação.

Compor canções “fáceis” não é a preocupação do grupo, a maioria ultrapassa os cinco minutos. A faixa título, “Picture You”, apesar da pegada facilmente assimilável, poderia ser um hit, ultrapassa os nove minutos, com uma longa segunda parte instrumental. Em “Fryshunfunk” a banda sobe os tons progressivos a níveis que remetem a Pink Floyd, seja nas camadas de teclados, na seção rítmica ou, ainda, nos riffs e solo de guitarra.

Já a bucólica “To Keep Going”, junto com a acústica “The Headless Boy”, com direito aos raros backing vocals Anna Jariven, mais parece uma homenagem aos americanos do Red House Painters. Num caminho oposto, “Safe Island” lembra Ride com riffs menos barulhentos durante a canção e tão quanto ou mais na parte instrumental. Interessante como a banda consegue unir várias facetas musicais sem errar a mão e levar a um estranhamento.

Afeitos a viagens sonoras, explicitadas de forma contundente lá no início do álbum com a viagem instrumental de “Picture You”, e em pequenas doses ao longo de todas as faixas, o grupo voltará a expor sua veia mais Psicodélica ou Progressiva na longa “Captured Light”. Embora o vocalista Christoffer Gunrup afirme não se sentir muito à vontade quando relacionam a banda a esses estilos musicais.

+++ Leia a crítica de ‘April’, do Sun Kil Moon

Da abertura com “Broken” (uma das melhores e mais grudentas canções do álbum) ao final com o slide guitar da bonita “Winter Dress”, The Amazing joga nas “mãos” do ouvinte um álbum daqueles para se ouvir do início ao fim. Na busca de sofisticação, contempla uma diversidade de nuances e climas surpreendentes, os amantes da boa música agradecem.


FAIXAS:
01. Broken
02. Picture You
03. Circles
04. Safe Island
05. To Keep It Going
06. Fryshusfunk
07. Tell Them You Can’t Leave
08. The Headless Boy
09. Captured Light
10. Winter Dress


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