“Drowned Men surge em um voo noturno, com asas abertas para os elementos do Post-Punk dos anos 80”
A música alternativa brasileira tem emergido de um caldeirão efervescente representando uma grande parcela dos bons sons produzidos dentro do cenário musical brasileiro.
Partindo desse princípio aterrissamos em terras mineiras para falar sobre Bats, o álbum de estreia da banda de Belo Horizonte, Drowned Men. Formada por Adriano Bê (vocais), Adriano JS (baixo), Gabriel Martins (bateria), Joey Blasmain (guitarra) e John Silva (guitarra/ backing vocal), a banda foi fundada em meados de 2018, em Belo Horizonte, nasceu da paixão em comum de cinco amigos pela música obscura do Pós-Punk e os trajes vampirescos vindos da literatura.
Em 2019, a banda lançou seu EP Ashes, contendo três faixas que denotam a musicalidade do grupo e suas referências musicais. O som da banda mergulha nas sombras do pós-punk, o que reforça os estereótipos de comparações com bandas como: Joy Division, The Cure e Bauhaus. A banda atraiu olhares e atenção pela energia empregada em suas apresentações ao vivo. O que despertou a curiosidade do selo Howlin’ Records para som dos mineiros.
Bats chega com um conjunto de nove canções bem metafóricas e repleto de referências a vida noturna vampiresca.
Com os pés mergulhados nos elementos do Pós-Punk. É o caso da faixa “At Night” que abre o disco num revival de atmosfera sombria que se perpetua por todo o álbum. Versos do tipo: “À noite/ Eles estão todos aqui/ E o mundo/ O mundo é deles/ Não se assuste”. A canção ainda faz referências ao figurino das criaturas da noite, que inspira o visual gótico da banda.
“Ask the Dust” chega bem melódica, deixando uma leve impressão de influência de Siouxsie and Banshees. Uma canção bonita de arranjos criativos. “Pergunte ao pó/A luta acabou/ Jogue fora/Guarde suas armas/ A luta acabou… A esperança é uma corda em volta do pescoço”. Quem sabe um caminho para a banda seguir em futuros trabalhos?!
É possível perceber temas de existencialismo, medos e vícios e relações que se desgastam com o tempo, bem presentes nas composições da banda. É o caso da canção “Stay”, que lembra as batidas do Echo & the Bunnymen. Uma balada sobre fim de relacionamentos, que entrega o essencial para soar atraente e um tanto bucólica.
A canção “Alice” agrada com sua harmonia e guitarras melódicas. “Nada é real/ E tudo isso é apenas um sonho/ Quando você vai acordar/ E colocar sua cabeça no lugar?”, diz a letra. Fazendo uma analogia a personagem Alice, de Alice no País das Maravilhas. É possível notar essa influência e paixão pelo universo da fantasia e ficção nas composições da banda.
O álbum encerra com a atraente “Bats”, canção que dá nome ao disco. A pegada aqui ganha uma viagem sonora no estilo New Order, com uso de batidas mais eletrônicas. “Morcegos estão lá comigo/ Não importa aonde eu vá/ Morcegos estão lá comigo… Me assombrando o dia todo”. Uma canção cheia de metáforas, aberta a interpretações. Você pode extrair um sentido dela do jeito que quiser.
Em um contexto geral o álbum de estreia dos mineiros se mantem dentro da média, não aponta caminhos revolucionários dentro do gênero. Drowned Men percorre seu caminho buscando um identidade própria baseando-se nas influências e raízes estabelecidas no Pós-Punk. Bats é um disco que demonstra amadurecimento e mais coesão em relação aos singles e EP’s lançados anteriormente. O grupo tem talento e potencial. Guarde esse nome, vocês ainda irão ouvir falar desses morcegos por aí.
NOTA: 6.8
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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Salvalaio:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira:
MÉDIA: 6.8
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:: FAIXAS:
01. At Night
02. Ask the Dust
03. Run Away
04. Stay
05. It’s Getting Dark Again
06. Alice
07. Starts With a Fire
08. Vampires Never Die
09. Bats
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