Os 30 anos de ‘Copper Blue’, do Sugar, álbum que trouxe a volta do peso das guitarras


Bob Mould and Sugar
Foto | Steve Jennings/CORBIS

Assim que Bob Mould encerrou as atividades de sua seminal e influente banda Hüsker Dü, o prolífico compositor emendou logo dois álbuns solo, em que adotou uma sonoridade mais branda, com músicas mais longas, lentas e com pouca distorção nas guitarras. Os discos tiveram recepção morna, pois careciam da fúria e da inspiração dos tempos anteriores.

Em paralelo a isso, artistas como My Bloody Valentine, Pixies e Nirvana revolucionavam o Rock Alternativo tendo por base o estilo de fúria melódica criado pelo Hüsker Dü. Mould ficou fascinado com as guitarras de Kevin Shields (My Bloody Valentine) e voltou à ativa com um novo projeto, denominado Sugar, em que colocava novamente o peso das guitarras em primeiro plano.

O disco de estreia do grupo, Copper Blue, foi o maior sucesso de vendas de toda a carreira de Mould (300 mil cópias vendidas) e ganhou o prestigiado prêmio de álbum do ano da revista New Musical Express. Mould se reinseria na cena que ajudara a criar e ainda conseguia acrescentar algo novo, fruto de seu prodigioso talento para compor ganchos e riffs de guitarra. A sonoridade de Copper Blue foi a base para o grunge de arena que elevou o Foo Fighters às alturas do universo pop.

O disco abre com guitarras a todo vapor em “The Act We Act”, com uma letra melancólica sobre um relacionamento desgastado. ‘If I Can Change Your Mind” tem temática semelhante, retratando uma relação mergulhada em desconfiança: “And if you can´t trust me now/You´ll never trust in anyone”.

A tocante “The Slim” aborda a perda de um amigo pelo vírus da Aids, e ajudou a aumentar os rumores acerca da homossexualidade de Mould, que acabou assumindo ser gay numa entrevista para uma revista.

Copper Blue, do Sugar, em edição DeLuxe
DeLuxe Edition de ‘Copper Blue’, do Sugar

“A Good Idea”, a melhor música do disco, é levada por uma linha de baixo infectante, batida dançante e efeitos originais de guitarras que entram e saem de forma frenética. É quase uma releitura de “Debaser”, do Pixies, e uma forma de homenagem de Mould ao quarteto de Boston. A letra aparentemente inofensiva aborda nas entrelinhas um assustador assassinato de uma mulher por afogamento, e ainda deixa no ar se ela havia consentido em ser morta: “Now that´s a good idea/She said, she said/To be alone with you/She said, she said/I´ve been waiting for years/And I´d rather be dead”.

A banda ainda deixou seis músicas de fora do álbum, grande parte delas com temática ainda mais pesada e sonoridade corrosiva, sendo duas que tratam de um tema não muito comum no universo de Mould: religião. Elas foram lançadas no ano seguinte como um EP intitulado Beaster.

Em 1994, foi lançado o segundo álbum do grupo, File Under: Easy Listening, uma agradável coleção de canções pop que fazia jus ao título, mas que não chegava nem perto do peso e impacto de Copper Blue. A banda se separou em 1995, e Mould continuou em carreira solo, passando por experimentos com música eletrônica e retornando nos últimos anos ao peso das guitarras – que ele domina como poucos.

FAIXAS DE DESTAQUE: The Act We Act, A Good Idea, Man on the Moon

Confiram também:
Beaster –EP (1993)
File under: easy listening (1994)

* Texto originalmente publicado no livro ‘ROCK ALTERNATIVO: 50 ÁLBUNS ESSENCIAIS’, de Daniel Rezende.



Videoclipe de “Helpless”


Videoclipe de “If I Can Change Your Mind”


Especial com Sugar em 1992

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