Lançado em maio de 1994, “Blue Album” completará 30 anos e segue como a obra maior do Weezer, de Rivers Cuomo
Liderado pelo excêntrico Rivers Cuomo, o Weezer começou sua carreira de forma avassaladora no ano de 1992, aproveitando o talento de seu cantor e compositor para criar um misto de Punk e Rock Clássico sob a ótica nerd.
O álbum de estreia dessa banda formada em Los Angeles foi lançado em 1994. Uma estupenda coleção de dez músicas, com letras que falavam de experiências pessoais de Cuomo e causavam uma conexão imediata com o público jovem. Guitarras pesadas, solos majestosos e uma postura ao mesmo tempo emotiva e jocosa davam o tom.
“In the Garage”, por exemplo, fala da sensação de poder tocar escondido numa garagem: onde ninguém te ouve, mas também não se é julgado. A música transmite uma sensação de liberdade e autoconfiança.
A extraordinária “Undone – The Sweater Song”, o primeiro single, aborda as loucuras de uma festa de forma divertida e sarcástica.
“My Name is Jonas” tem uma introdução lenta ao som de um violão. Aos poucos a música cresce até explodir com guitarras distorcidas e bateria em alta propulsão. Ao final, Cuomo toca uma gaita com efeito sutil e emocionante.
A melhor e mais conhecida canção do álbum é “Say It Ain’t So”, que fala da relação de Cuomo com os pais e sua ansiedade por causa da possibilidade do divórcio deles. Um riff antológico e uma interpretação vocal passional e arrebatadora de Cuomo conquistam o ouvinte logo na primeira audição. No último verso, Cuomo se dirige ao pai após anos de silêncio e aborda o sofrimento causado pelo vício dele em álcool.
A ensolarada e alucinante “Surf Wax America” lembra o Beach Boys do início da carreira. O espírito surfista californiano é retratado na letra divertida e banal: “You take your car to work/ I´ll take my board/And when you´re out of fuel/I´m still afloat”.
Na aparentemente machista “No One Else”, o cantor fala que quer uma garota que não sorria pra mais ninguém e não use maquiagem longe dele. Mas, na verdade, se trata justamente de uma crítica desse comportamento possessivo, ornamentada por uma melodia grudenta.
A combinação perfeita de pop e peso e o intenso apelo emocional fizeram as vendas do álbum acelerarem, e a banda logo se tornou referência para o que viria a ser chamado de Emo no final da década.
O álbum seguinte, Pinkerton, de 1996, é outro clássico e mostra um lado mais obscuro da banda. As músicas são mais agressivas e difíceis e as letras ainda mais irreverentes. “A Good Idea”, “El Scorcho” e “Tired of Sex” são três petardos brilhantes e que diferem bastante do primeiro álbum. Na época, Pinkerton não agradou tanto e teve críticas pouco entusiasmadas e vendas nanicas em comparação com o LP de estréia.
+++ Leia na coluna ALTROCK sobre ‘Good Morning Spider’, do Sparklehorse
Infelizmente, a banda não conseguiu repetir a qualidade dos dois primeiros discos e acabou optando por uma sonoridade mais pop e límpida, que rendeu alguns bons singles e álbuns irregulares. Exageraram no tom satírico e hoje não passam de um pastiche de si mesmos.
* Texto originalmente publicado no livro Rock Alternativo: 50Álbuns Essenciais. Que pode ser adquirido clicando AQUI.
FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:
ANO: 1994
GRAVADORA: Geffen
FAIXAS: 10
DURAÇÃO: 41:18 min
PRODUTOR: Ric Ocasek
DESTAQUES: “My Name is Jonas”, “Say It Ain’t So”, “In The Garage”
PARA FÃS DE: Rock Alternativo, The Rentals, Nada Surf, Pavement
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