Longa do diretor Marão, Bizarros Peixes das Fossas Abissais abdica de vários vícios e tendências do “Cinema de Herói” atual
O impacto da Marvel na cultura ocidental é inquestionável. O estúdio aflorou o orgulho dos fãs de quadrinhos, despertou interesse do público geral e encorajou o mercado, que começou a perceber que vender heróis poderia ser algo lucrativo. Hoje, encontramos camisas, cadernos, jogos e outras coisas bem aleatórias sobre e de heróis. Também está acontecendo no audiovisual.
Não foi apenas a DC que também ganhou com isso. O Prime Video investiu e tornou The Boys um sucesso mundial. A Netflix não ficou atrás e lançou The Umbrella Academy. Podemos nos deparar também com o sucesso nas animações com Invencível e Nimona, assim como apostas interessantes (e arriscadas) como Sou de Virgem.
Em uma cultura cercada por heróis, Bizarros Peixes das Fossas Abissais se enturma no grupo de Sou de Virgem. A produção é bastante diferente do que estamos habituados a consumir, mesmo que ainda tenha uma estrutura bastante tradicionalista.
Os pilares narrativos de Bizarros Peixes das Fossas Abissais ainda são as etapas da jornada do herói. Estamos nos referindo a uma história que segue o monomito. No filme, os heróis partem para uma aventura após o surgimento de um problema, enfrentam seus desafios, passam pelo maior estágio de provação e, após obterem êxito, voltam para casa, sãos, salvos e com o mundo melhorado.
No entanto, mesmo que ainda esteja atrelado a um tipo de história mais antiga que a própria existência do cinema, Bizarros Peixes das Fossas Abissais abdica de vários vícios e tendências do cinema de herói atual, o que faz ele soar autêntico, ainda mais carismático e honesto.
No filme, acompanhamos uma mulher com superpoderes esquisitos (Natália Lage), uma nuvem que vive apertada (Guilherme Briggs) e uma tartaruga com transtorno obsessivo-compulsivo (Rodrigo Santoro). A missão dos três é colher cacos de um vaso quebrado ao redor do mundo, enquanto enfrentam rinocerontes extraterrestres e peixes furiosos. Apenas a premissa já indica o que faz de Bizarros Peixes das Fossas Abissais um filme tão especial, pois podemos notar a ausência muito grande de lógica, de realismo, algo que infelizmente vem consumindo o Cinema atual.
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Ao deixar de lado a lógica e tornar possível um combate entre uma nuvem e um peixe dentro do mar, o diretor Marão cria um filme que funciona muito bem como um universo que tem suas próprias regras e é conveniente para si próprio sobre isso. Assim, com uma liberdade que provém dessa ausência de lógica, o filme é livre para nos entregar várias coisas sem sentido que soam graciosas, engraçadas e são adoráveis de assistir.
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FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:
TÍTULO ORIGINAL: Bizarros Peixes das Fossas Abissais
ANO: 2023
GÊNERO: Animação
PAÍS: Brasil
IDIOMA: Português
DURAÇÃO: 1:15 h
CLASSIFICAÇÃO: 10 anos
DIREÇÃO: Marcelo Fabri Marão
ROTEIRO: Marcelo Fabri Marão
ELENCO: Natália Lage, Guilherme Briggs, Rodrigo Santoro e outros
AVALIAÇÕES: Letterbox
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