“There is no Other traz canções em forma de bálsamo para dias sufocantes”
Foi em “Is It Wicked Not to Care?”, de The Boy With the Arab Strap, álbum de 1998 da banda escocesa Belle and Sebastian, que Isobel Campbell mostrou sua delicada voz por completo. Depois disso, ela deixou de ser apenas mais um musicista (violoncelo) e fazer esparsos backing vocals na banda para se tornar protagonista em algumas canções.
Com seu projeto Gentle Waves ela seguiu adiante, encantando com sua voz cheia de candura e ganhando confiança para assumir o próprio nome nos álbuns Amorino (2003) e Milkwhite Sheets (2006). No caminho, esbarrou em Mark Lanergan (Screaming Trees), com quem lançou três bons álbuns entre 2006 e 2010. Sua voz adocicada era o contraponto para os vocais guturais de Lanergan.
E lá se vão mais de 20 anos, e cá estamos em 2020. E Isobell tem um álbum novo após quase uma década desde Hawk (2010) e uma e meia desde Milkwhite Sheets. E sua voz mantém a mesma singeleza de antes. E seu novo álbum é mais um apanhado de belas e melodiosas canções que transitam pelo Indie-Pop, Indie-Folk, Bossa-Nova, com espaço até para elementos eletrônicos, numa versão para “Runnin’ Down a Dream”, de Tom Petty.
Mas é o bucolismo que fala mais alto na música dessa escocesa taurina residente na ensolarada Califórnia (em Los Angeles) já há alguns anos, que presta homenagem na faixa de abertura “City of Angels”.
There is no Other foi gravado por Isobel num período de três anos em companhia do esposo, Chris Szczech, que é engenheiro de som em estúdio, e enfrentou problemas judiciais para que finalmente pudesse ser lançado: “Houve momentos em que pensei que ele nunca sairia”, afirmou a cantora em uma entrevista. O que explica a “ausência” de Isobell dos discos por tanto tempo e também os temas tratados nas canções.
De volta, ela traz uma nova coleção de arranjos suaves que soam como um bálsamo para dias turbulentos em que a rotina sufocante e as notícias trágicas parecem nos abater. É o prolongamento do que ela sempre fez, sob matizes de pouquíssimas diferenças: vocais gospel, batida eletrônica. De resto, tudo no mesmo lugar para um passeio tranquilo e inebriante ao qual você pode voltar sempre que desejar a quietude. Sim, há vários álbuns assim. Mas que nenhum é como esse.
NOTA: 7,5
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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Eduardo Salvalaio: –
Isaac Lima: –
Marcello Almeida: –
MÉDIA: 7.5
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:: FAIXAS:
01. City Of Angels
02. Runnin’ Down A Dream
03. Vultures
04. Ant Life / 05. Rainbow
06. The Heart Of It All
07. Hey World
08. The National Bird Of India
09. Just For Today
10. See Your Face Again
11. Boulevard / 12. Counting Fireflies
13. Below Zero
:: Ouça o álbum na íntegra:
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