‘Resgate 2’ supera seu antecessor ao elevar o nível da ação

Em 2020, Resgate se tornou um sucesso absoluto da Netflix. Me recordo de ter detestado a produção, de ter desaprovado como o filme deixava ‘‘para escanteio’’ tudo que estivesse relacionado a construção de personagem e narrativa, enquanto, ao mesmo tempo, falsamente projetava que o filme se movia a partir do trauma do personagem de Chris Hemsworth. Para além disso, a história era tão conhecida, vista tantas vezes nos últimos 20 anos, que transformaram um filme em algo que não deveria existir em 2020, principalmente pelo “complexo de salvador branco” criado.

É cômico que, com exceção do complexo de salvador branco, eu gosto de quase tudo na sequência de Resgate. Considerando que, a princípio, pareçam ser filmes bem similares quanto a fórmula, Resgate 2 decide deixar de lado seus pontos fracos no primeiro filme e abraçar de vez o ideal da ação pela ação. Nesse sentido, a questão familiar não é cortada de vez, mas é elevada. Resgate 2 envolve parte da antiga família de Rank para, assim, diluí-la na história. Falando de maneira mais objetiva: Quando o filme justifica que a família de Rank precisa ser resgatada, ele (o filme) fica mais livre para a fazer o que quiser em seguida, sem o peso de trabalhar arcos secundários ou motivações. Pode parecer que eu estou falando um absurdo, mas para Resgate 2 faz total sentido, eu juro.

Com tal liberdade, não há desculpas para diminuir o que foi tão elogiado no primeiro filme. Dessa forma, o diretor Sam Hargrave estava visivelmente determinado a oferecer o maior número de lutas, explosões, tiros e pazadas possíveis. Devo ressaltar que as sequências não são tão estilosas como as realizadas por David Leitch e não possuem a mesma qualidade quanto a CGI (um problema que está se tornando estranhamente comum em blockbusters) mas, ainda assim, são impressionantes. Bem dirigidas, as sequências na prisão, vagões de trem e em prédios cativam, não apenas pelo uso de técnicas que reproduzem um plano sequência, mas principalmente pela performance de combate, pela inventividade.

+++ Leia a crítica de ‘Trem-Bala’, de David Leitch

Devo enfatizar que Resgate 2 funciona principalmente por esse comprometimento com a ação, superando, inclusive, a antagonização fraca de Zurab (Tornike Gogrichiani). Para os amantes do gênero, o filme é uma ótima opção.