‘O Lado Bom de Ser Traída’ é o que existe de pior no pseudo cinema globalizado da Netflix


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Foto: Divulgação

Dirigido por Diego Freitas, ‘O Lado Bom de Ser Traída’ segue a cartilha técnica das produções da Netflix, mas não é suficiente para tirá-lo da mediocridade

Produção nacional com “cara” de internacional, O Lado Bom de Ser Traída é o resultado insosso de uma pasteurização cultural globalizada imposta por uma produtora global, no caso a Netflix, que cada vez parece exigir que suas produções originais se pareçam e tentem o sucesso em vários mercados, independentemente de seu país de origem.

A fotografia em tons escuros e amadeirados, a iluminação opaca neo noir repleta de filtros desnecessários, as inúmeras cenas de sexo, mergulhos, olhares e caminhadas em câmera lenta, a trilha sonora forçando um suspense constante, intercalada sem descanso por canções pop de batida grave, como se quisesse demonstrar a boa qualidade do “som”, e a apelação visual de corpos nus perfeitos besuntados em óleo em sequências totalmente desnecessárias narrativamente, fazem deste um forte candidato a pior filme do ano.

Tudo bem querer repetir a cartilha de filmes internacionais que deram boa audiência, como a trilogia 50 Tons de Cinza ou os filmes da franquia 365 Dias, a classe de Instinto Selvagem (1992) ou, indo um pouco, mais longe, dos filmes soft porn da década de 80 como 9 ½ Semanas de Amor (1986) ou Orquídea Selvagem (1989). O problema está justamente na repetição exaustiva e sem a menor criatividade dessa fórmula requentada e sem o menor compromisso com a lógica.

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Leandro Lima e Giovanna Lancellotti em O Lado Bom de Ser Traída (2023)

As atuações vão de medíocres a apáticas, como se os atores e atrizes soubessem a bomba na qual se envolveram, porém as contas precisam ser pagas. O trabalho de edição e pós produção esmerou-se para entregar o padrão de “qualidade” que a Netflix exige a fim de vender o filme para todos os mercados possíveis.

A direção do Diego Freitas repete todos os maneirismos estilizados de seus trabalhos anteriores, como no razoável Depois do Universo (2018). Mas o que não faz muito sentido é a autora do livro homônimo no qual o filme é baseado, Sue Hecker, assinar também o roteiro de um filme que deturpa tanto sua interessante obra original.

+++ Leia a crítica de ‘Ghosted: Sem Resposta’, de Dexter Fletcher

As Vantagens de Ser Traída é um thriller erótico que presta um desserviço ao quase sempre excelente Cinema Nacional e sua existência só se justifica mesmo mercadologicamente através dos algoritmos de controle e previsão de demanda do acervo na plataforma da qual faz parte.

CLIQUE PARA ASSISTIR AO TRAILER

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FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

TÍTULO ORIGINAL: O Lado Bom de Ser Traída
ANO: 2023
GÊNERO: Drama, ROmance, Thriller
PAÍS: Brasil
IDIOMA: Português
DURAÇÃO: 1:38 h
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos
DIREÇÃO: Diego Freitas
ROTEIRO: Sue Hecker, David Kolb e Camila Rafanti
ELENCO: Giovanna Lancelotti, Leandro Lima, Camila Lucas, Bruno Montaleone e outros
AVALIAÇÕES: IMDB

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