“Filme se mostra desnecessário, mas certamente fará a alegria de muitos fãs“
Sequência direta do último episódio de Breaking Bad, uma das melhores séries de todos os tempos, El Camino reconstrói em pouco mais de duas horas e com extrema qualidade e competência a aridez crua do Novo México para dar o devido desfecho a jornada traumática de Jesse Pinkman.
Importante salientar que para apreciar devidamente este filme se faz extremamente necessário ter assistido a série, ambos disponíveis na Netflix, pois o pequeno resumo que o serviço de streaming disponibiliza não é de grande ajuda. Até mesmo quem viu a série, finalizada em 2013, poderá encontrar uma certa dificuldade em contextualizar certos detalhes e personagens.
Passados seis anos, o mesmo diretor e escritor da série, Vince Gilligan, resolve amarrar a única ponta solta da trama anterior. Jesse Pinkman, outrora coadjuvante em Breaking Bad, assume agora o protagonismo da trama, que diferentemente da série, é extremamente simples e direta. O filme trata apenas da jornada de fuga do personagem rumo a um recomeço de vida.
Agora somos reapresentados a um Jesse Pinkman mais silencioso, comedido e perdido em memórias dolorosas, em uma interpretação minimalista e talvez a melhor do ótimo ator Aaron Paul até o momento, que entrega um personagem calejado de apanhar e lutando com a força que lhe resta pra se tornar dono de seu próprio destino.
Caçado pela polícia, traumatizado e sem planos, Jesse entende que embora já esteja fora do cativeiro, a verdadeira liberdade ainda está longe de ser conquistada e é essa jornada conclusiva que acompanhamos neste epílogo.
Não esperem por cenas de ação e perseguições mirabolantes. O ritmo é muito arrastado, mérito dos excessivos flashbacks que quebram a trama principal quando a mesma começa a evoluir e da opção do diretor por sempre focar em coisas mínimas e corriqueiras, porém perseguindo um incansável perfeccionismo que acaba tornando-as grandiosas.
Essa “grandeza” se deve ao extremo apuro visual e técnico que o diretor esbanja da primeira a última cena. A fotografia vai de claustrofóbicos planos fechados a mais pura beleza contemplativa de desertos, rios, montanhas e estradas em planos extremamente abertos. Porém o domínio sobre todo aquele universo dá a exata proporção do alcance temático do filme e esse alcance infelizmente é bem raso. A impressão é a de estarmos diante de um episódio estendido e sem muita razão de existir.
Porém, para os fãs da série, o filme é muito bem-vindo. Personagens icônicos permeiam a trama e deixam no ar a satisfação nostálgica de reencontrar velhos conhecidos. Dentre estes personagens, destacamos o excelente último trabalho do prolífico e incansável ator Robert Foster, indicado ao Oscar por Jackie Brown, de Quentin Tarantino, infelizmente morto por um câncer cerebral no dia em que o filme foi lançado.
Com seis anos de atraso, Jesse Pinkman finalmente tem seu arco final revelado, que se por um lado não empolga, ao menos consegue manter a qualidade e o alto nível da icônica série que no qual é inspirado.
NOTA: 7,0
NOTA DOS REDATORES:
EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: –
MÉDIA: 7,0
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:: FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama, Ação
Duração: 2h 2min
Direção: Vince Gilligan
Roteiro: Vince Gilligan
Elenco: Aaron Paul, Jonathan Banks, Bryan Cranston, Robert Foster, Jesse Plemons, Charles Baker e outros
Data de Lançamento: 11 de outubro de 2019 (Brasil)
Censura: 16 anos
IMDB: EL CAMINO: A BRAKING BAD MOVIE