Com disco dançante, Queens of the Stone Age abraça novas possibilidades em ‘Villains’


Lançado após quase quatro anos desde seu último álbum, Villains, sétimo álbum do Queens of the Stone Age, carrega várias expectativas em suceder o excelente …Like Clockwork (2013). Já na abertura com “Feet Don’t Fail Me”, uma introdução de quase dois minutos, que lembra em muito a sonoridade do disco anterior, dando a impressão que essa será a tônica do álbum. Mas as coisas mudam quando entram as guitarras habituais do QOTSA, mas com uma levada diferente, quase dançante, sustentando-se em riffs e sintetizadores, um indicativo do que será encontrado no restante da obra.

“The Way Used To Do”, faixa que foi o primeiro single do disco, tem uma pegada dançante, pegajosa, mas mantém as guitarras habituais, aqui mais suingadas que na faixa anterior. Provavelmente uma influência do produtor Mark Ronson, que trabalhou com artistas como Lady Gaga, Amy Winehouse, Bruno Mars e Paul McCartney, e que pela primeira vez trabalha com a banda. Apesar do som mais balançado, as guitarras graves, marca registrada, estão presentes.

Na dobradinha “Domesticated Animals” e “Fortress”. A primeira segue lembrando algumas passagens do disco Era Vulgaris, com uma letra que instiga os jovens de hoje a revolução, pois estes não tem mais isso em seu DNA, o próprio nome da música já diz isso: “animais domesticados”. “Fortress” tem algo de Pós-Punk e New Wave, com poucos sintetizadores e teclado atmosférico.

“Head Like a Haunted House”, com seus pouco mais de três minutos vai do Punk/New Wave cru ao Stoner Rock que a banda executa desde o seu inicio. É uma faixa reta, de arranjo econômico e direto, com riffs certeiros. Essa é a canção a mais acelerada do disco. Por outro lado, “Un-Reborn Again”, com toques de Glam-Rock, é a mais arrastada. Seu ponto de destaque são os sintetizadores, que acabam sendo os protagonistas. E é a partir daí que o Villains vai perdendo um pouco da força, não em qualidade, mas dando uma desacelerada.

A sensação é de que o QOTSA tenta se afastar do elogiadíssimo e soturno …Like Clockwork, que foi influenciado por uma depressão pela qual passou Josh Homme. Por instantes o álbum se aproxima do pop intimista fase alemã de Bowie, com o timbre de voz de Homme se assemelhando ao do camaleão.

“Hideaway” é a faixa mais diferente do disco, as guitarras graves quase não dão as caras nessa faixa, mas um baixo com muito groove. “The Evil Was Landed” soa como uma fusão entre Led Zeppellin e um Soul-Rock de primeira, sem perder a essência do que o QOTSA tem produzido em sua trajetória musical. E na matadora “Villains of Circumstance”, a banda desacelera sutilmente, destilando doses controladas de ruídos, riffs psicodélicos e sintetizadores, algo muito parecido com o que foi feito no álbum anterior.

Outro ponto que não pode deixar de ser notado, inclusive percebido por muitos, é bateria ter sido gravada e reproduzida muitas vezes com batidas pré-programadas, sem o peso que um disco que se pretende “dançante” exige. Problema presente também no último álbum do RHCP, The Getaway (2016). Apesar disso, riffs simples e bem trabalhados, aliados a boas canções, estão presentes. Villains pode ser chamado de disco dançante do QOTSA, com boas letras e uma sonoridade característica.

+++ Leia a crítica de ‘Dedicated To Bobby Jameson’, de Ariel Pink

A banda de Josh Homme segue descarregando em seu ouvinte sonoridades completamente retrôs sem precisar viver na sombra do passado, o que faz com que seu som seja muito admirado. Eles sabem muito bem o que fazem, exploram novas possibilidades sonoras sem nunca esquecer a sua essência, mesmo perdendo o punch ao longo do disco. É uma demonstração de que a banda tem a exata noção do rumo que almeja na sua carreira.


queens-of-the-stone-age-villains-capa

FAIXAS
01. Feet Don`t Fail Me
02. The Way You Used to Do
03. Domesticated Animals
04. Fortress
05. Head Like a Haunted House
06. Un-Reborn Again
07. Hideaway
08. The Evil Was Landed
09. Villains of Circumstance

 

 

 


 

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