Nos EUA, quando um filme possui restrições, cartazes e exibições inserem uma tarja, imposta pela Motion Pictures Association – MPAA, onde se lê: RATED: R. Rated R também é o título do segundo álbum do Queens Of The Stone Age, lançado em 2000.
Todo mundo sabe quem é Josh Homme, criador do QotSA. O cara já tocou com muita gente, já ganhou manchetes por seus excessos e já gravou com inúmeras bandas, além de ter se tornado um excelente produtor. Mas, em 2000, pouco se sabia a respeito.
Sim, o cara já tinha história importante dentro da música barulhenta: havia tocado com o Kyuss, seminal banda Stoner dos anos 90 e, após se dissolverem, liderou uma trupe de músicos distintos no que é conhecido como as Desert Sessions, coletivo que se reúne num estúdio em Palm Desert, na Califórnia para compor canções “na hora” e gravá-las sem muita pretensão comercial.
E foi assim, após o terceiro volume de um álbum das Desert Sessions ter saído de forma independente, e sem pretensões, que Homme iniciou o projeto que o tornaria famoso. No primeiro álbum, o autointitulado de 1999, ele tocou quase tudo, exceto bateria – ainda que tenha usado o codinome ‘Carlo’ para sua performance nos baixos e teclados. Mas ali já tínhamos os riffs repetitivos em distorções Fuzz, as influências psicodélicas, as apologias sexuais e, claro, as drogas.
Rated R seguia a cartilha, mas Homme resolveu tornar o álbum tão coletivo quanto as Desert Sessions. O álbum tem participações distintas de inúmeros músicos que já haviam participado das Desert Sessions, e, dentre muitos, estava o ex-companheiro de Kyuss, Nick Oliveri.
Dizem que Homme é um cara temperamental e difícil. O Kyuss, quando acabou, alegou desentendimentos entre os membros da banda. As inúmeras formações do QotSA passam pelos mesmos históricos. Mas aqui, o reinício da parceria etílico-musical de Homme e Oliveri rende clássicos instantâneos.
Rated R é um álbum, basicamente, sobre experiências com drogas. Homme e Oliveri nunca esconderam seus consumos e sempre assumiram seus pés na jaca. Exceto pelo primeiro single do álbum, “The Lost Art Of Keeping A Secret”, uma excelente e dançante canção sobre confiar ou não nas pessoas, o álbum é sobre consumo, trips, bad trips e ressacas homéricas.
Oliveri montou o Mondo Generator após o fim do Kyuss, e de lá trouxe pronta a faixa “13th Floor”, que aqui teve seu título alterado para “Tension Head”, que relata exatamente como o autor se comporta sob consumo de metanfetaminas Das Desert Sessions, Homme trouxe “Monsters In The Parasol”, essa uma sensacional música sobre uma bad trip de ácido.
Outro single do álbum, “Feel Good Hit Of The Summer”, o título mais irônico – ou não – das músicas da banda, tem em seus versos apenas o nome de drogas que Homme usava para se divertir recreativamente.
Destaque também para “Quick and to the Pointless”, canção tanto ambígua quanto incômoda de Oliveri, que pode falar tanto de cocaína quanto de perversão com ninfetas.
Barrett Martin e Mark Lanegan, com quem Homme colaborou na última encarnação do Screaming Trees, aparecem em algumas faixas. Lanegan se tornou habitué nos álbuns do QotSA até 2013, mas aqui (e no álbum seguinte, o aclamado Songs For The Deaf, de 2002) ele canta os vocais principais na excelente (porém desesperadora) “In The Fade”.
Apesar da leseira, Rated R não é um disco amarrado, mecânico, ou emburrado. Psicodelia, melodias associadas a ruídos e riffs hipnóticos tornam tudo excepcionalmente, errr…viciante! Arrisco dizer que foi este álbum trouxe luz ao Stoner Rock de uma maneira que o estilo ainda não havia conseguido atingir. Homme é um excelente compositor, que sabe juntar peso, melodia e nonsense e servir como um grude musical bastante competente. Ele e Oliveri, porém, rondam o estilo desde suas primeiras bandas.
+++ Leia a resenha de ‘Villains’, do Queens of the Stone Age
Aliás, a dupla se separou durante a tour de Songs For The Deaf. E só voltaram a gravar juntos por volta de 2013, quando fizeram as pazes e colaboraram nos álbuns, um do outro.
Em seu aniversário de 10 anos, Rated R foi relançado, com capa vermelha, gatefold e música bônus, com o nome Rated X.
INFORMAÇÕES:
LANÇAMENTO: 06 de junho de 2000
GRAVADORA: Interscope Records
FAIXAS: 11
TEMPO: 42:10 minutos
PRODUTOR: Chris Goss e Josh Homme
DESTAQUES: “Feel Good Hit Of The Summer”, “The Lost Art Of Keeping A Secret”, “Monsters In The Parasol”
PARA QUEM CURTE: Stoner Rock, Rock Alternativo, riffs pesados, Kyuss
CURIOSIDADES: Rated R marca a estreia do baixista Nick Oliveri e do vocalista Mark Lanegan como convidado | O álbum é considerado um dos responsáveis por trazer o Rock de volta ao mainstream
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