Red Fang propõe inovação ao Stoner em ‘Only Ghosts’

Red Fang é uma banda de Portland, no Estado do Oregon, formada em 2005. Only Ghosts é seu terceiro álbum, lançado em 2016.

A banda ganhou visibilidade quando seu álbum anterior, Whales and Leeches (2013) ganhou notoriedade após a banda se apresentar em programas de TV e em inúmeros festivais nos EUA e Europa. O álbum de 2013 alcançou a posição 66 no Top 200 da Billboard, provocando expectativa para o próximo lançamento.

O interessante foi a coragem e a ambição do grupo: não se limitaram em seguir uma fórmula e elevaram o nível de suas composições. Seria reducionista demais classificar apenas como um álbum de Stoner Metal, assim como seria injusto não prestar tributo às mais evidentes características deste estilo. Na verdade, Only Ghosts é uma evolução do Stoner: os riffs arrastados e pesados estão presentes, misturados a uma linha melódica bastante versátil e competente. Ao mesmo tempo em que se percebem influências de clássicos como Black Sabbath e Thin Lizzy, é possível entender que há, também, influência de bandas como Melvins, garantindo um som cru e orgânico.

Essa identidade sonora garantiu ao Red Fang não apenas presença nos principais festivais de sons pesados mundo afora, mas o enquadramento em toda uma cena, com bandas como Mastodon, Baroness, High On Fire e outras.

O álbum mantém as raízes, mas evolui ao incorporar os elementos de Rock Alternativo e Post-Hardcore, com uma produção mais polida, sem abrandar o som sombrio e pesado – mérito do produtor Ross Robinson (Korn, Slipknot, At The Drive-In). Liricamente, temas como alienação social, ansiedade e a incessante busca por autenticidade fazem parte do repertório.

“Flies”, que abre o álbum, tem riff cativante, pesado, energético, além de vocais barrados nas estrofes e melódicos nos refrãos, e uma letra perturbadora sobre permanecer vivo. “Cut It Short” tem riff cativante e grudento. A ótima e mal-humorada “No Air”, tem ritmo sincopado e é conduzida por uma cozinha muito bem entrelaçada, com a bateria de John Sherman acompanhando o baixo altamente distorcido de Aaron Beam, que também berra a música. “Shadows” é pesada, e tem um excepcional trabalho de bateria.

Talvez a melhor faixa do álbum seja “Not For You”. Nela estão todas as características que definem a proposta do disco: riffs cativantes, letras sombrias, estruturas melódicas bem construídas e que expandem o espectro sonoro do Red Fang do simples Stoner para algo mais. O nome disso é autenticidade, e essa mistura de influências é o que garante ao Red Fang uma identidade singular na Cena Metal.

Outras faixas que merecem destaque são a pesada “The Deep” e a sombria “I Am A Ghost” que, num mundo roqueiro ideal, seriam hits radiofônicos.

Red Fang consegue em Only Ghosts soar como um Queens Of The Stone Age com transtorno de bipolaridade. As mudanças de progressões melódicas por vezes são bruscas, mas sempre mantendo o pé no acelerador do peso.

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Apesar do álbum não ter conseguido o mesmo êxito do álbum anterior, a evolução sonora do Red Fang chamou atenção, e a banda segue sendo uma das principais do estilo.