Não é de hoje que os filmes com várias reviravoltas fazem tremendo sucesso, mas é visível que a proliferação dessas produções foram ampliadas com a chegada das plataformas de streaming, principalmente a Netflix. Para além de popularizar produções sem o envolvimento da empresa na criação, como Um ContraTempo e Rua Cloverfield, a plataforma vermelhinha enxergou um nicho que, além de ajudar a preencher seu catálogo com produções baratas, possuiriam a grande chance ser bem recebidas. Dessa maneira, surgiram filmes como Eu Me Importo, Oxigênio, O Limite da Traição, dentre vários outras produções que, através do excesso de suas reviravoltas, ganharam o público, interessando outras plataformas a seguir o mesmo caminho.
Dessa maneira, nasce Sharper – Uma Vida de Trapaças, filme comprado pela Apple TV+ cujo a única característica especial é o selo da A24 funcionando como um sobrenome que garante a nobreza, a qualidade da produção, mesmo que seu conteúdo não faça jus a reputação do estúdio. Como um nepo-baby que se aproveita do nome de sua família para alcançar lugares mais altos, Sharper entrega o mínimo ao apostar em uma Direção segura a partir de uma história moldada através de uma estrutura organizada, separada por capítulos, comportada e com pouco direito a inspiração.
O filme gira em torno de Tom (Justice Smith) que está trabalhando em sua livraria até que uma cliente entra em sua vida, mudando-a completamente. Essa garota, Sandra (Briana Middleton), apresenta problemas familiares e Tom, como um bom namorado, tenta ajudá-la ao emprestar a jovem cerca de US$300 mil dólares. Após o empréstimo, Tom leva um ghosting de Sandra.
A partir dessa premissa, o filme se expande, apresentando, por ordem, cada personagem envolvido no desaparecimento de Sandra, abrindo ainda mais o alcance por um resultado onde, a cada virada de capítulo, possibilitaria uma surpresa, à chegada do inesperado. Como se montasse um esquema de pirâmide, a cada segmento Sharper sobe um nível, seja em sua mise-en-scéne ou nos status de seus atores, deixando-nos em sua última parte com as consequências de uma ambição demasiada por parte de Madeline, vivida pela excepcional Julianne Moore.
O tom formalista em sua estrutura, mediada por esse pensamento do golpe de pirâmide financeira, me agradava inicialmente até que a direção engomadinha de Benjamin Caron começou a apresentar irregularidades, problemas de ritmo e superficialidade que me fizeram pensar sobre o filme durante o filme, o que, se tratando de uma produção que promete vários plots, nunca pode acontecer.
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Sharper, dessa maneira, torna seu grande final algo bastante esperado, previsível e o que poderia terminar com um número de reviravoltas aceitáveis e deixar um gosto amargo no público, conclui-se com um último excesso, um mero capricho já manjado e bastante conhecido em filmes do Netflix: aquele com uma função narrativa punitiva. Sharper troca um fim niilista para encontrar um desnecessário e comum desfecho agradável.
Título Original | Ano: Sharper | 2023
Gênero: Drama, Policial, Suspense
País | Idioma: Estados Unidos | Inglês
Duração: 1:56 h
Classificação: 14 anos
Direção: Benjamin Caron
Roteiro: Brian Gatewood e Alessandro Tanaka
Elenco: Julianne Moore (Madeline Phillips), Sebastian Stan (Max), Justice Jesse Smith (Tom), Briana Middleton (Sandra), John Lithgow (Richard Hobbes) e outros
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
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