Filmes que tratam a audiência como pessoas desprovidas de inteligência são os piores que existem. Através da Minha Janela (2021) beira o ridículo tamanha a falta de propósito. Ao final da exibição, não há nada que justifique sua existência para além de contabilizar muitas visualizações para a plataforma de streaming da qual faz parte.
O filme espanhol, baseado no livro homônimo da escritora e roteirista Ariana Godoy, personifica fortemente essa triste característica que parece permear grande parte dos títulos disponíveis no catálogo da Netflix.
No enredo, uma bela e humilde jovem “stalkeia” seu belo, jovem e milionário vizinho, que por sinal é um hacker nas horas vagas e invade a rede dela para roubar a senha do Wi-Fi(!). Ela se atira na cama dele enquanto ele se aproveita dela friamente em cenas sexualmente tórridas, que não servem para nada narrativamente além de atrair certo tipo de audiência e machucar o coração da mocinha inocente. Porém, quando ele revela determinado trauma de infância, “entendemos” que essa é a razão pela qual ele trata todas as mulheres feito lixo, tornando-o digno do perdão da mocinha ferida.
Como se não bastasse toda essa celeuma desinteressante e sexista, o casal ainda precisa enfrentar mais uma barreira: o pai milionário quer afastar os pombinhos, pois na realidade proposta pelo filme, ou o rapaz herdeiro foca em ser um megaempresário ou ele fica com a garota, afinal fazer as duas coisas seria impossível(!!).
É uma situação forçada e inverossímil após a outra. Filme intragável que deve agradar apenas pré-adolescentes em suas bolhas de realidade alternativa. Como filme, não diverte, não acrescenta e principalmente, nem deveria existir. Artisticamente a fotografia salva em alguns momentos, mas no geral não sobra nada, nem mesmo a forçada “lição de vida” cliché que costuma compor a fórmula desse tipo de produção é efetiva.
A direção do inexpressivo Marçal Forés é extremamente genérica e nunca acerta o tom. O roteiro não tem nada a dizer. As atuações lembram as das piores temporadas da novela Malhação. Sobram apenas rostinhos e corpos bonitos em exibição. Mas quem aprecia algo além da beleza plástica dos atores, fatalmente irá se frustrar com o conteúdo raso desta obra, no mínimo, esquecível.
Apesar dos pesares, felizmente ou infelizmente, as réguas que definem o investimento em determinados tipos de produção, estão em um nível baixíssimo de exigência, contanto que as pessoas assistam. Sendo assim, provavelmente teremos continuações pois o filme tem sido um sucesso e já existem mais dois livros da “saga” publicados.
FICHA TÉCNICA:
Título Original | Ano: A Través de Mi Ventana | 2022
Gênero: Drama, Romance
País: Espanha
Duração: 1h56min
Direção: Marçal Forés
Roteiro: Ariana Godoy (Baseado no livro), Eduard Sola
Elenco: Clara Galle, Julio Peña, Guillermo Lasheras, Natalia Azahara e outros.
Data de Lançamento: 04 de fevereiro de 2022 (Brasil)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
Disponível: Netflix
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