Em ‘As Palavras Vol. 1 & 2’, Rubel promove ode a poesia e à canção popular


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Foto | Bruna Sussekind (Divulgação)

Natural de Volta Redonda (RJ), Rubel é fruto de uma cena musical que cresceu ouvindo Rock Alternativo, mas (futuramente) estabeleceu conexões com a Música Popular Brasileira. Tal caminho, num exercício de comparação inevitável, foi o mesmo trilhado por bandas como os também cariocas dos Los Hermanos e acabariam por definir uma geração de músicos que viria dali à diante.

Rubel, por sua vez, adotou o Indie Folk como base de suas canções e foi, gradualmente, vendo a sua carreira como músico independente atingir ares de grandeza. Seu primeiro disco, Pearl (2015), conquistou sucesso de público e crítica graça ao sucesso de canções como “Quando Bate Aquela Saudade”, cujo videoclipe (dirigido pelo próprio músico) atingiu a expressiva marca de 62 milhões de views.

Três anos mais tarde o artista voltaria com o álbum Casas (2018), trabalho que soa uma continuação natural de seu primeiro trabalho, mas já promove leves acenos à outras sonoridades como o Samba, em “Casquinha”. No mesmo álbum constam   participações de dois ícones da cena Rap da última década: Emicida (em “Mantra”) e Rincon Sapiência (em “Chiste”)

De lá para cá, Rubel se firmou como artista, figurando em grande parte dos festivais pelo Brasil. Realizou parcerias de sucessos junto a ANAVITÓRIA (“Partilhar”), participou de discos de outros artistas como Guilherme Held (no discaço  “Corpo Nós”), prestou justas homenagens (dentro e fora dos palcos) a uma de suas maiores referências (Gal Costa) e se firmou como um dos mais admirados compositores da contemporaneidade. Tamanha bagagem e vivência fez com que o músico alçasse voos mais altos que resultaram em As palavras, vol. 1 & 2 (OUÇA AO FINAL).

Concebido como álbum duplo, no novo disco Rubel propõe uma autêntica guinada, ao apostar em diversos ritmos indo do Rock ao Funk carioca, passando pelo Pagode e o uso de beats eletrônicos. Mas esse bem-vindo emaranhado de sons tem o Samba e o Forró como forças motrizes que conduzem ritmicamente boa parte do novo repertório.

Ao longo das 20 faixas reúne um time amplo de convidados que Milton Nascimento a Gabriel do Borel, passando Deepkapz, Ana Caetano, Dora Morelenbaum, Bala Desejo, BK, Mc Carol, Liniker, Luedji Luna, Mestrinho, Tim Bernardes e Xande dos Pilares. E o faz de forma respeitosa ao promover, de forma honesta, um diálogo com o trabalho de outrem, valorizando as características de cada convidado e, na mesma medida, mantendo sua identidade.

Entre tantos destaques vale a menção de faixas como “Torto Arado” (que rende homenagens ao livro de mesmo nome Itamar Vieira Junior), “Toda Beleza”, as belíssimas “Não Vou Reclamar com Deus” e “Amor de Mãe”; a pungente versão para “Assum Preto” (de Luiz Gonzaga) e o proibidão “Put@ria!” são alguns bons exemplos.

+++ Leia sobre ‘O Real Resiste’, de Arnaldo Antunes

Em tempos de mudanças do mercado, no qual grande parte dos artistas mainstream tem optado pelo formato mínimo dos singles, As palavras, vol. 1 & 2 é um exercício estético ousado,  que aposta na poesia e na força da canção popular brasileira como elementos centrais de um, desde já, melhores discos do ano.


Rubel-As-Palavras-Capa

 

 

Ano | Selo: 2023 | Coala Records
Faixas | Duração: 20 | 55:59
Produtor: Rubel e outros
Destaques: “Torto Arado”, “Toda Beleza”, “Não Vou Reclamar com Deus”, “Amor de Mãe”, “Assum Preto”
Pode agradar fãs de: MPB

 

 

 



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