‘Asteroid City’ é a maquete mais divertida da carreira de Wes Anderson


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É impossível falar de Wes Anderson sem mencionar sua estilização bem caraterística. Na verdade, é bem provável que em uma conversa sobre o cinema do mesmo, a discussão seja constantemente direcionada à estética de seus filmes, ou torna-se apenas sobre isso. Bom, isso não é um problema, é perfeitamente normal que aconteça, afinal, boa parte dos filmes de Anderson valorizam a composição ornamentada e atrativa para suas histórias. É possível até dizer que Anderson seja reconhecido e aclamado enquanto diretor justamente por isso.

Desde seu penúltimo filme, A Crônica Francesa (2021), Anderson parece ter entrado em uma fase da carreira onde ele é refém de seus próprios vícios estéticos, tais como a simetria, o maneirismo, etc. Considerando essa nova jornada do diretor rumo a intensificação de sua própria estética, que começa muito mal com a A Crônica Francesa, em Asteroid City, Anderson dá o pontapé inicial para uma fórmula que pode, futuramente, ser muito promissora.

Liev Schreiber, Steve Carell e Aristou Meehan em Asteroid City (2023)
Steve Carell, Aristou Meehan e Liev Schreiber em Asteroid City (2023)

Anderson faz com que a sua história seja tão nossa quanto dele, ao contar o conto de Asteroid City como uma leitura de uma peça de teatro ou uma explicação da história para atores ou produtores que podem estar presentes no projeto. É claro, nós não temos opinião válida, não podemos pedir mudanças em sua maquete ou em seus cenários, mas vemos ela sendo criada do zero, o que evoca um sentimento de particularidade ou de curiosidade. Anderson, nesse sentido, parece nos fazer observadores atentos daquela pequena cidade em miniatura, onde pessoas minúsculas dentro dela são como as de Dogville, de Lars von Trier, isentas de privacidade, vivendo suas vidas de maneira simultânea e entrelaçada, aguardando experimentos que eles ainda não são capazes de identificar – e nem nós mesmos.

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É claro, assim como Dogville, tudo soa como uma farsa. Nesse sentido, Anderson eleva essa projeção ao contar uma mentira lúdica, uma ilusão quase palpável de cabeça de autor, mas dentro de uma outra mentira, de uma outra projeção falsa, a teatral. Dessa forma, ele brinca com seu próprio cinema, com sua própria marca narrativa, buscando exercitá-lo para aprimorá-lo, fazer algo novo e diferente. Asteroid City ainda não é retrato perfeito dessa nova fase de Anderson, mas parece que é o pré-projeto para algo grandioso que ele pode alcançar em breve.

CLIQUE PARA ASSISTIR AO TRAILER

Asteroid-City-Poster

FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

TÍTULO ORIGINAL: Asteroid City
ANO: 2023
GÊNERO: Drama, Comédia, Romance
PAÍS: Estados Unidos
IDIOMA: Inglês
DURAÇÃO: 1:45 h
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos
DIREÇÃO: Wes Anderson
ROTEIRO: Wes Anderson, Roman Coppola
ELENCO: Jason Schwartzman (Augie Steenbeck, Jones Hall), Scarlett Johansson (Midge Campbell, Mercedes Ford), Tom Hanks (Stanley Zak) e outros
AVALIAÇÕES: IMDB | Rotten Tomatoes

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