Nova adaptação do Diretor Blitz the Ambassador para o livro de Alice Walker trilha caminhos póprios
A Cor Púrpura é o filme da temporada de premiações que mais estava curiosa em assistir. Mesmo sabendo que o filme é uma adaptação de uma peça de teatro da Broadway, a menção a ele me remete ao livro e também à adaptação cinematográfica de 1985, realizada por Steven Spielberg. O meu contato com o livro me fez questionar como essa adaptação funcionaria, afinal, trata-se de uma história extremamente triste e com temas sensíveis se tornando um Musical. Um Musical cujo as fotos de divulgação e o próprio trailer transmitem uma imagem diferente, “menos trágica”.
Dito isso, devo dizer que tive uma experiência muito interessante com a obra, principalmente por A Cor Púrpura ser uma produção que faz o seu próprio caminho. É um filme que não se intimida. Não se intimida pelo livro, nem pela adaptação muito elogiada de Spielberg. E também parece não sentir o peso do Musical no qual é adaptado, indicado onze vezes ao Tony.
Assim, o filme busca seu próprio tom, tenta encontrar uma maneira de ter uma autenticidade, mas, principalmente, um material diferente que justifique sua adaptação fílmica. O material diferente é justamente essa perda da carga dramática, a distância de um sofrimento constante para um Musical que é muito real, mas também é de imaginação, sonhos e de desejos. Me chama atenção como é oferecido uma resiliência que se fortalece nas músicas, que também se conforta nas performances.
Nesse sentido, é admirável como Blitz the Ambassador, diretor do filme, está continuamente focado em não transformar o sofrimento negro em entretimento. Me parece que ele está buscando contar uma história que não precisa está necessariamente fixada no que mais chama atenção na história de A Cor Púrpura (livro) que são as atrocidades pela qual Celie (Fantasia Barrino) passa.
Os acontecimentos que envolvem Celie continuam todos, entretanto, Ambassador os suaviza, usando justamente passagens que são carregadas pelo escapismo, seja ao olhar uma foto de Shung (Taraji P. Henson) ou imaginar por onde está sua irmã, Nettie (Halle Bailey, Ciara). Eu devo ressaltar que nem todas essas passagens funcionam, mas boa parte me agrada bastante.
+++ Leia a crítica de ‘A Vida Secreta das Abelhas’, de Gina Prince-Bythewood
A Cor Púrpura é um filme que realmente se abraça enquanto Musical, há bastante fé e visível comprometimento no projeto. É uma boa adaptação e não vale ser olhada com maus olhos apenas por ser um Musical.
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FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:
TÍTULO ORIGINAL: The Color Purple
ANO: 2023
GÊNERO: Drama, Musical
PAÍS: EUA
IDIOMA: Inglês
DURAÇÃO: 2:21 h
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos
DIREÇÃO: Blitz Bazawule (Blitz the Ambassador)
ROTEIRO: Marcus Gardley, Alice Walker e Marsha Norman
ELENCO: Fantasia Barrino, Taraji P. Henson, Danielle Brooks, Halle Bailey e outros
AVALIAÇÕES: IMDB
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