Não é de hoje que o cinema mexicano tem se tornado um dos maiores expoentes desta seara. Com um grande mercado consumidor, o país hoje figura entre as 10 maiores potências do mundo. Tal fato fomenta a cena interna fazendo com que diversos diretores locais consigam construir carreiras sólidas, dentro e fora do país. O sucesso conquistado por Alfonso Cuarón, Guillerme Del Toro e Alejandro Iñarritu são alguns dos bons exemplos de como o cinema local segue vivo, diversificado e premiado. Diversidade, aliás, é a palavra que melhor define o cinema feito por Iñarritu. Sua vasta filmografia é composta por diversas produções que transitam entre o drama e a comédia, indo de encontro a produções hollywoodianas a obras de baixo orçamento.Seu primeiro longa, o essencial Amores Brutos, abriu portas para que o trabalho do diretor fosse alçar voos ainda maiores, que resultariam em outras tantas produções memoráveis e dignas de aplauso como 21 Gramas e Birdman, filme vencedor de quatro Oscars, incluindo Melhor Filme e Direção.Sete anos após seu último filme, o elogiado O Regresso (que lhe rendeu o seu segundo Oscar de Melhor Diretor), Iñarritu está de volta com o aguardado Bardo – Falsa Crônica de Algumas Verdade.
Rodado em casa (Cidade do México), o longa acompanha a trajetória do jornalista e documentarista mexicano Silverio Gama (interpretado por Daniel Cacho), que retorna ao país após viver uma longa temporada nos EUA. A premissa é aparentemente simples, mas a execução nem tanto.O roteiro, escrito pelo próprio diretor, junto a Nicolás Giacobone, é uma viagem onírica e complexa sobre as dores (e delícias) da existência. Há espaço também para uma potente discussão sobre o processo de colonização mexicana e a doutrina imperialista imposta pelos EUA.Elementos de seu cinema como as longas tomadas, a marcante trilha sonora (feita em parceria com Bryce Dessner, do The National) e uma belíssima fotografia seguem intactas. Aliás, Iñarritu aqui não se furta de fazer longas digressões poéticas. Mas a narrativa segue por caminhos tortuosos por demais e, por vezes, são difíceis de acompanhar. Isso faz com que o espectador comum crie distanciamento ao longo das mais de duas horas e meia de filme.
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As atuações de Cacho e Griselda Sicillani (que vive a esposa de Gama) são um dos pontos altos de um filme irregular, mas que mostra um cineasta que busca não só se reconciliar / reconectar com suas origens, mas também levar o seu cinema a outros patamares. Mesmo que isso custe alguma parcela do seu já consolidado público.
INFORMAÇÕES:
Título Original | Ano: Bardo, Falsa Crónica de unas Cuantas Verdades | 2022
Gênero: Comédia, Drama
País: México
Duração: 2:39 h
Direção: Alejandro G. Iñárritu
Roteiro: Alejandro G. Iñárritu e Nicolás Giacobone
Elenco: Daniel Giménez Cacho, Griselda Siciliani, Ximena Lamadrid, Íker Sánchez Solano e outros
Data de Lançamento: 23 de outubro de 2022 (Mostra International de Cinema de São Paulo)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB| Rotten Tomatoes
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Muito boa resenha sou fã dos trabalhos do Alejandro Iñarritu, ansioso prá conferir. Obrigado.