‘Samba, Democracia e Sociedade’ analisa amplamente o Samba e resistência cultural


SAMBA-DEMOCRACIA-E-SOCIEDADE

Se há um gênero musical que pode servir como referência para compreender a história do Brasil, sob vieses políticos e sociais, é o Samba. O gênero, de início perseguido e marginalizado, vem há muitas décadas servindo como instrumento para diversos compositores verbalizarem as agruras de ser brasileiro. Essa é a questão central do livro Samba, Democracia e Sociedade, lançado em parceria entre a Mórula Editorial e a Outras Expressões.

Organizado por Luiz Ricardo Leitão e Marcelo Braz, a obra promove um olhar acadêmico para o Samba, mas o faz de maneira didática, pontual e ampla.

De maneira complementar a obras clássicas como Dicionário da História Social do Samba, de Nei Lopes, Samba, Democracia e Sociedade é composto por 10 artigos cujos autores (as) mostram como o gênero centenário foi utilizado como instrumento de constatação e mobilização social. Lopes, por sinal, é responsável pelo texto introdutório.

A primeira parte é feita de seis textos nos quais Braz e Leitão jogam luz sobre a trajetória de compositores como Noel Rosa, Wilson Batista, Zé Catimba, Aluísio Machado, Noca da Portela, entre tantos outros, que fizeram do seu fazer artístico um retrato atemporal do país.

O segundo tomo, intitulado “Expressões do Samba, da democracia e da cultura Brasileira”, mostra como iniciativas cariocas, como o Clube do Samba e o Renascença Clube, foram cruciais para manter o gênero vivo, mesmo em períodos de turbulência.

Discos como E Vamos à Luta (1980), de Alcione, Na Fonte (1981), de Beth Carvalho, são bons exemplos de como o Samba sempre esteve presente em momentos cruciais de nossa história e atendeu / dialogou com demandas socais de sua geração.

Trabalhos contemporâneos de artistas multifacetados como Criolo (via o discaço “Espiral de Ilusão”), Marcelo D2 (que atualmente está em turnê dedicada ao samba), Rodrigo Campos, Juçara Marçal, Rômulo Fróes, Kiko Dinucci, traduzem como é possível conciliar tradição e modernidade num mesmo cesto.

+++ Leia a crítica do álbum ‘Acorda Amor’

Os tempos ásperos parecem nunca findar, mas o Samba segue em frente, verbalizando a dor (e a alegria) de estar num país cuja trajetória continua a ser escrita e que mudança reside na luta diária por dias melhores.


 

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