“Em Far Cry 5 tudo continua belo num cenário onde a liberdade do jogador importa, apesar do cansaço da franquia.”
A Ubisoft fez de “Far Cry” sua galinha dos ovos de ouro. Uma das franquias de maior sucesso não só da empresa como do mundo dos jogos em geral. “Far Cry” parece não ter hora de acabar e já rendeu continuações e spin-offs (não é a toa que o novo jogo, ‘New Dawn’ (2019), iria fazer parte da quinta parte porém acabou virando um jogo em separado). Além dos 5 jogos da série, ainda existe ‘Blood Dragon’ (2013), ‘Primal’ (2016) e ‘Far Cry 3 Classic Edition’ que na verdade é o terceiro jogo da série remasterizado.
Nove jogos que provam a preocupação da Ubisoft para franquia que vende bastante, tanto que FC 5 é considerado o segundo jogo mais vendido até hoje na história da empresa. Realmente a Ubisoft apostou nesse jogo da franquia. Tanto que foram lançados 3 DLC’s (com direito até a zumbis), além de pacotes de skins, roupas e armas extras para quem comprar a Edição de Ouro. A empresa ainda criou um troféu/uma conquista só para o jogador terminar o jogo na dificuldade mais alta, chamada aqui de Infame (e foram poucos os jogadores que fecharam).
“Far Cry 5” chegou em meio a controvérsias. Por tratar de um vilão fanático, militar e religioso, Joseph Seed, muitos cristãos americanos se sentiram ofendidos e com medo do jogo gerar influência em jovens do país. Acrescente a isso, o momento de lançamento do jogo, uma época tensa nos EUA com a eleição de Trump e com diversos conflitos religiosos e ideológicos pelo mundo.
Até então, nenhuma narrativa havia chocado tanto o mundo, mas agora, por tratar de um lugar do interior americano, embora fictício, a Ubisoft criou algumas rusgas. Muitos acusam a empresa de algo proposital, ela nega e diz que a intenção era criar um ambiente novo e variado (FC3 se passava numa ilha paradisíaca e FC4 sofreu inspiração na região do Himalaia).
A jogabilidade não muda, de uma forma geral. Quem se acostumou com os jogos anteriores, se adapta logo nos primeiros cinco minutos. Esse é um jogo livre. Vá para onde quiser, pilhe coisas, escolha pegar um veículo (agora também existe helicóptero e aeroplanos) ou seguir a pé, agir sorrateiramente ou ser ofensivo explodindo e atirando sem parar.
As atividades de caça continuam. Mas agora, são desafios e valem recompensas de habilidades, ao contrário dos outros jogos onde a pele de animais era usada para criar bolsas de mantimentos. Também existe a possibilidade de pescar. A roda de criação também virou mais dinâmica, com mais opções, as criações vão desde medicamentos até produção de explosivos e munições). Com um estilo de exploração idêntico a série ‘Fallout’, aqui lixo vale ser investigado, até mais que nos jogos anteriores da franquia. De lixeiras até corpos caídos, tudo soma recursos para criações variadas (parafusos, fios, nitroglicerina e até aguardente serão úteis).
Visualmente o jogo é bonito e detalhado, como sempre foi. O cenário colorido e detalhado englobando rios, pontes, campos, animais, casas (exterior como interior), morros, no salta aos olhos. A expressão facial dos personagens é bem feita, com direito a inúmeros NPC’s espalhados por Hope County e personagens com temperamentos distintos que servirão de apoio ao delegado (neste caso, você) que está na busca de Seed e de seus seguidores espalhados. Agora também existe a opção de contratar algum NPC que você resgatou durante a campanha. Embora muitos personagens da história sejam esquecíveis e poucos recebem mais destaque.
Exuberante visualmente, o jogo acaba pecando no excesso de informações, por vezes inúteis. Todo momento há algo escrito na sua tela indicando alguma área da região ou de alguma missão extra acontecendo, mas em meio a tantos inimigos na tela, tal informação passa despercebida.
O mapa transborda de missões, tanto as principais do enredo como as paralelas (como side-quests). É fácil desfocar de alguma missão para ir atrás de outra que, repentinamente, surgiu. Além disso, inúmeros carros e caminhões inimigos passam pela estrada e você pode, simplesmente, abatê-los para ganhar influência e recompensas. Isso a todo instante, o que chega a perturbar o jogador e em muitas vezes o jogo mais parece querer ser uma cópia de Mad Max, com direito a uma guerra pelas estradas (com carros blindados e repletos de armamentos). Nada tão desfavorável, mas a temática de Far Cry sempre foi a liberação de pontos de controle do vilão (os outposts) pela cidade. Essas ações aqui acabam ficando em segundo plano e sem graça. Pelo maior número de combates no jogo, o fator stealth aqui é um tanto jogado de lado.
Em certo momento, eu fiquei duas horas apenas numa parte da estrada porque depois que eu eliminei um caminhão tanque, muitos inimigos atacaram meu personagem, chegando ao ponto até de pensar que eles não tivessem fim (como pareciam surgir do nada). Irritante, pois havia perdido a rota de minha missão e acabei parando em outra que nem pretendia fazer, ressurgindo num lugar que eu nem havia estado antes. A bronca maior vai por conta de que os jogos antigos sempre pensaram tanto no jogador solitário como no jogo cooperativo, então, tudo leva a crer que cada vez mais Far Cry é pensado para se jogar online ou cooperativamente (tanto pela dinâmica desvairada das batalhas e dos tiroteios como pela prioridade de missões rápidas e pelos veículos com armas montadas).
O que pode ser notado aqui, no quinto jogo, é que a produção se preocupou em criar algo para ser jogado com a ajuda de um amigo. Esse é um jogo que funciona melhor cooperativo, pois, sozinho, eliminar alguns jipes com armamentos pesados lhe rende vários recomeços de missão.
Citando o online, aqui ele recebe o nome de arcade. Nessa seção, você cria mapas que podem ser publicados/editados. Depois de um tempo, eles receberão avaliações de jogadores do mundo todo e poderão ficar em destaque, dando todo o crédito ao jogador. Assim como existem os próprios mapas da Ubisoft. De forma desagradável, encontrei dois bugs, num mapa eu fiquei dentro de um rio e não consegui sair, em outro, eu agarrei numa parte do cenário obstruindo a movimentação do personagem. Frustrante, pois já estava no final do mapa e perdi em torno de uma hora, sendo obrigado a reiniciar o jogo. A catástrofe não é maior porque você pode denunciar o mapa para a própria Ubisoft relatando os problemas encontrados. O mata-mata por equipes é bem divertido, apesar de que esse sistema de jogo online poderia ter uma visualização melhor dos inimigos. Difícil muitas vezes descobrir rapidamente quem é de sua equipe ou não, então a morte é certa até você pensar em agir.
Far Cry 5 é um jogo que ainda rende boas horas de diversão e exploração. Em contrapartida, mostra uma franquia cansada e prioriza batalhas rápidas e incessantes pelo cenário em prol de uma campanha apagada e que merecia mais destaque. Em modo cooperativo e seguindo pelo mapa sem direção, como dito anteriormente, funciona bem melhor. O online é bacana, apesar de ter lá suas inconstâncias. A campanha tem seus momentos interessantes, todavia o vilão Seed não supera o insano ‘Vaas’ (Far Cry 3).
:: NOTA: 6,5
NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
MÉDIA: 6,5
::LEIA TAMBÉM DE EDUARDO SALVALAIO: RESIDENT EVIL 2 DEMO (RESIDENT EVIL 2 1-SHOT DEMO, 2019)
::FICHA TÉCNICA:
Desenvolvedora: Ubisoft
Publicado por: Ubisoft
Gêneros: Tiro em primeira pessoa, ação, aventura
Duração: entre 30 a 45 horas fazendo todas as DLC’s
Classificação: 18 anos
Preço: R$ 279,00 (a versão Gold que vem com todas as DLC’s. Em promoção costuma ter até 70% de desconto)
Plataforma: PS4, Xbox One, PC
Lançamento: 27 de março de 2018
Mais Informações: Far Cry 5
:: Assista ao trailer do jogo:
No Comment