Para além de nomes como Fontaines D.C., há uma cena de bandas novas bem interessante oriundas da Irlanda (Silverbacks, Gilla Band, The Murder Capital) , dentre estas, o quinteto Just Mustard, da cidade de Dundalk. O grupo foi formado em 2016 e estreou nos álbuns em 2018 com o surpreendente e auto-produzido Wednesday, que segundo o guitarrista David Noonan teve influências de The Horrors e Warpaint. O disco foi gravado no home studio da banda e lhes rendeu a indicação ao Choice Music Prize, premiação anual para bandas e artistas irlandesas que se destacaram.
Com uma música voltada para ambiências densas e atmosferas soturnas construídas a partir de arranjos que dão destaque a dupla baixo/bateria, e também para o noise, com camadas de guitarras ácidas e altíssimas (às vezes parece uma motoserra), Just Mustard tem como um dos destaques os vocais de Katie Ball, ao melhor estilo doce/angelical da inesquecível Alison Shaw, da finada banda inglesa oitentista Cranes. Katie às vezes divide os vocais com o guitarrista David Noonan.
A banda fez alguns shows com o Fontaines D.C. em 2019. Nesse mesmo ano, foram convidados para abrirem o show do The Cure em Dublin. Estiveram na recente turnê pela Europa e Estados como banda de abertura dos conterrâneos.
Heart Under, o segundo álbum, estava previsto para 2020 mas só foi lançado no final de maio pelo selo Partisan Records (o mesmo dos Fontaines D.C. e IDLES), com quem assinaram em 2020. “Quando a pandemia começou, houve atrasos no vinil e outras coisas. A Partisan disse: ‘Não adianta se apressar – não vai sair tão cedo. Não se apresse”, afirmou Noonan em entrevista ao site Hot Press. E prosseguiu: “Eles nos deram espaço para fazer isso. Não sentimos que estávamos apressando. Fizemos a maior parte da gravação em outubro de 2020 e seguimos até abril finalizando. E então Katie refez todos os vocais”.
Após alguns singles (nem todos entraram no novo álbum), já se percebia que o novo trabalho teria poucas mudanças em relação so seu antecessor. Uma delas é o maior destaque aos vocais de Katie e o uso de camadas instrumentais, inclusive elementos eletrônicos, aproximando da sonoridade Industrial. Isso sem abrandar em nada o noise que se viu na estreia, seguem as muralhas de barulho dando as caras em vários momentos. Segundo a banda, a ideia que permeia Heart Under é que “ se pareça com a experiência de dirigir por um túnel com as janelas abertas”.
+++ Leia a crítica de ‘A Hero’s Death’, do Fontaines D.C.
Apesar de pouco tempo de lançado, a banda já conseguiu seu primeiro feito com o novo o trabalho, Heart Under chegou ao Top 20 nas paradas irlandesas. Ou seja, parece que 2022 será o ano para o quinteto…ou não?!
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