‘It’s a Shame About Ray’ reúne boas canções pop básicas e grudentas do Lemonheads


It's a Shame About Ray, do Lemonheads

Clássico absoluto do Indie Rock mundial, de uma época em que o Indie Rock não era nem chamado de “Rock Alternativo”, mas sim de “College Rock”, It’s A Shame About Ray é o quinto e icônico álbum dos Lemonheads, lançado em 1992.

De Boston, a banda apareceu no meio dos anos 80, quando o guitarrista e vocalista Evan Dando formou uma trupe com os amigos, e, naquela época, tocavam Punk Rock. Após três álbuns na independência, inúmeras mudanças de formação e adição de influências distintas ao Punk Rock inicial, a banda foi mudando e moldando seu som para um rock com influências de Folk, Grunge e Country. Já na gravadora Atlantic Records, lançaram, em 1990, o álbum Lovey, o primeiro em que Evan Dando assume o controle criativo.

De talento incrível para compor canções sobre qualquer coisa – até sobre nada – Dando emoldurou uma série de ganchos absolutamente cativantes, com letras sobre relacionamentos, crônicas sobre o cotidiano de qualquer cidade ou pessoa, declaração de amor aos entorpecentes e costurou isso em canções curtas, palatáveis e que eram absolutamente cabíveis para aquele momento do Rock. Além disso, a banda que o acompanhava tinha competência e colaborava para o apelo pop do álbum – Juliana Hatfield era a baixista e fazia vocais de apoio (vide o delicioso corinho de “Kitchen”, ou a belíssima contribuição em “My Drug Buddy”).

No entanto, bons músicos e canções chiclete ainda não haviam sido suficientes. Assim como o álbum anterior, o disco não decolou.

A atenção só foi conseguida quando a banda, já sem Hatfield e, portanto, em outra formação, regravou “Mrs. Robinson”, clássico de Simon & Garfunkel, para uma homenagem aos então 25 anos do filme A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, filme de 1967 de Mike Nichols). A música fez tanto sucesso que novas prensagens de It’s a Shame About Ray foram realizadas, com a inclusão da cover.

Outra característica definitiva para a banda é a colaboração de Tom Morgan, músico da banda Smudge, que Dando conheceu em tour na Austrália. Morgan se tornou colaborador frequente nos álbuns da banda, influenciando na forma de Dando compor e de contar histórias.

O “Ray” da faixa título era o dono de uma boate que os dois frequentavam. “Alison’s Starting to Happen”, minha segunda favorita do álbum, pode ser sobre uma paixão adolescente ou sobre o baterista do Smudge, Alison Galloway, ficando doidão, a escolha é sua!

Minha favorita do álbum é “Confetti”. Que música sensacional!! Riffs, ganchos, um solo simples e memorável e tudo em menos de três minutos! Aliás, o álbum tem cerca de 30 minutos – tudo é absolutamente resolvido da forma mais simples e óbvia possível, e esse é o charme da banda de Dando.

Vale dizer, Dando é um excelente guitarrista. Nos álbuns anteriores, há músicas que se aproximam do Heavy Metal, com solos virtuosos, em comparação ao Pop quase barroco apresentado aqui (na verdade, todas as músicas aqui foram criadas no violão, e versões acústicas do álbum pipocam por aí. É barrocão sim!!!).

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Não há reinvenção da roda. Não há a tentativa de se criar algo novo ou mesmo de recriar o passado. O que os Lemonheads fazem é um punhado de boas canções pop, tão básicas quanto grudentas.

It’s a Shame About Ray é a maior vendagem da banda até os dias de hoje.


Capa de It's a Shame About Ray, do Lemonheads

INFORMAÇÕES:

LANÇAMENTO: 02 de junho de 1992
GRAVADORA: Atlantic Records
FAIXAS: 13 (na versão relançada com Mrs. Robinson)
TEMPO:  33:28 minutos
PRODUTOR: Robb Brothers
DESTAQUES:  “Confetti”, “Rudderless”, “Alison’s Starting to Happen”
PARA QUEM CURTE: Alternative Rock, College Rock, Power-Pop,

 

 


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