Elea tem sinopse interessante e trama focada no sci-fi, mas peca pela curta duração e por erros técnicos.”
Jogos baseados em ficção científica geralmente dão certo e, inclusive, rendem sequências valiosas para as produtoras. Pegue o caso de Fallout (1997) e Mass Effect (2007). Narrativa, jogabilidade, personagens e os elementos do gênero precisam funcionar em sintonia e dar ânimo para que o jogador embarque em sua curiosidade.
Elea, da desenvolvedora holandesa Soedesco, tem uma sinopse interessante e promissora sobretudo por se tratar de um futuro que não está tão distante de acontecer. Em 2073, a Terra é acometida por uma grave doença que ataca e mata as crianças. Ethan, o marido de Elea, embarca numa expedição com a finalidade de colonizar Solace, um planeta habitável e que poderia ser a salvação da extinção humana. Mas algo dá errado com a expedição e a cientista River Elea Catherine Jones (ou apenas Elea) se vê obrigada a investigar a tripulação do marido, 13 anos depois.
Logo no primeiro capítulo, um texto surge rapidamente explicando fatos sobre a doença. Nada de flashbacks e caso o jogador pule o texto, pode começar perdido. Tomamos o controle de Elea que, ao sair de seu quarto, se vê se vê num ambiente solitário e o jogador acaba imerso no que pode acontecer em diante. De repente, a luzes se apagam e somos obrigados a restaurar a energia do local. Objetivo é encontrar a chave para o porão. Problema que a imersão não será constante e o jogo passa até mais a ser ‘walking simulator’ do que um sci-fi digno de prender a nossa atenção.
Sem muitos ambientes variados, o jogo se baseia em cenas onde Elea se vê obrigada a resolver um simples puzzle (parte pouco explorada no jogo) e alguma ferramenta ou chave para seguir adiante.
Apesar disso, o jogador não fica tão emperrado pela linearidade da história, exceção do terceiro capítulo onde estamos entre 4 andares de um prédio e existem muitas salas e corredores para serem examinados. O jogador que exige ação constante deve evitar Elea, mas aquele que gosta de investigar cada canto e ler cada nota ou arquivo que revela muito sobre a história pode se prender a narrativa apesar do jogo curto e sem nenhum fator replay. Caso o jogador seja fã de troféus ou conquistas, ainda existem algumas tarefas e explorações adicionais para mantê-lo mais tempo jogando com o intuito de adquirir todas as premiações.
Problemas ocorrem. Numa sala onde Elea tem (espécies de) alucinações e se vê diante de uma inteligência artificial, o elevador que é necessário entrar para o avanço da história acaba não se abrindo e o jogador pode ficar 10 a 15 minutos ali, parado e sem poder fazer nada. Em certos lugares onde é preciso clicar em algum objeto sobre a mesa para pegar alguma senha ou informação, o jogador pode não perceber logo onde clicar por conta de que o objeto em questão não se destaca na tela. A movimentação da personagem é, por vezes, imprecisa.
Os gráficos são nada espetaculares mas os inúmeros detalhes de alguns ambientes como as salas médicas preenchem um pouco essa lacuna. Também faltaram alguns ambientes mais externos mostrando em parte uma área maior e menos limitada. Outro ponto negativo é o jogador não se ligar tanto aos personagens do jogo como geralmente costuma acontecer em jogos que obtiveram sucesso, chegando ao ponto até de nem haver tanta aproximação com Elea.
Algumas cenas durante o jogo podem ser perturbadoras e trazer aquela aura de ficção científica sombria, entretanto são poucos os momentos (talvez o capítulo 2 consiga realizar essa proeza). Elea trabalharia melhor dentro da literatura sci-fi do que propriamente para um jogo, pois ao jogador acaba sendo melhor compactuar dos pensamentos e reflexões das personagens. O jogador não encontrará tantas resistências e fechar o jogo é muito simples. Como vários jogos da Soedesco, estamos diante de mais um jogo com ideias frescas, porém sem aprofundamento em seus quesitos técnicos e na história.
NOTA: 5,0
::NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
MÉDIA: 5,0
::LEIA TAMBÉM:
METROPOLIS: LUX OBSCURA (2018)
WHAT REMAINS OF EDITH FINCH (2017)
::FICHA TÉCNICA:
Desenvolvedora: Kyodai Ltda
Publicado por: Soedesco Publishing
Gêneros: Aventura sci-fi
Duração: 3 a 5 horas
Classificação: 12 anos
Preço: R$56,90 na PSN (costuma ficar em promoção com 70% de desconto)
Plataforma: PS4 (versão testada), Xbox One, PC
Lançamento: 23 de Agosto/2019
Mais Informações: Elea
::
::Assista ao trailer do jogo:
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