‘Transmissions From The Satellite Heart’ e o início das experimentações do The Flaming Lips


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Crédito: Brian Rasic

Se o The Flaming Lips eram, até então, uma banda de Noise-Pop psicodélico, é em Transmissions From The Satellite Heart que eles experimentam o pop e o palatável para entregar ao público algo indefinível, mas que soa como se uma banda Punk tentasse fazer Folk sob efeito de ácido.

Esse disco gerou o primeiro – quiçá único – hit massivo dos Lips, “She Don’t Use Jelly”, uma faixa confusa à primeira audição, em que um riff de guitarra bastante primitivo se funde a uma letra desconexa sobre curativos, cabelos cor de laranja, Cher e outras coisas absolutamente fora de contexto.

Mas é esse caleidoscópio de referências, informações, ruídos, camadas sonoras e muita melodia que faz esse álbum, que num primeiro momento soa vacilante, uma obra sublime.

O álbum abre com “Turn It On”, o segundo single. Pop, pegajosa, mas ao mesmo tempo suja, ruidosa. Percebe-se o som da bateria propositalmente estourada, acompanhando uma base pop psicodélica à qual a banda vai prorcionando camadas de ruídos, chiados, distorções, backing vocals, que faz a música crescer em uma atmosfera absolutamente lisérgica. É em “Turn It On” que Wayne Coyne usa, pela primeira vez, a expressão “life in a bubble”. Sabemos que os devaneios de Coyne se amalgamam entre sons, imagens, áudio e vídeo, texturas e quaisquer experimentações possíveis. E, anos depois, estaria Coyne dentro de uma bolha andando sobre a plateia, durante a tour do álbum Yoshimi Battle The Pink Robots.

“Chewin The Apple Of Your Eyes” é uma balada de amor, ainda que o amor seja declarado com os dois pés atolados na lama e a dignidade não exista! Mas é bonita a sinceridade dos versos “I was trying to find you/ When you got lost in the crowd/ ‘Cause I’m drunk all the time…”.

Aliás, os amores estranhos de Coyne sempre são retratados das formas mais improváveis. “Superhumans”, por exemplo, fala em beijos e todo um universo idealizado num possível amor, mas através da improvável combinação metafórica de colisões interplanetárias, astronautas e zebras!

TFSH é o primeiro álbum sem Jonathan Donahue, que saiu dos Lips para montar o Mercury Rev. Mas a banda ganhou a criatividade musical de Steven Drozd, que entrou como baterista, e assumiu guitarras e sintetizadores a partir do magistral The Soft Bulletin (1999).

Recomendação carinhosa: use fones de ouvido e ouça, com atenção, cada camada de “Moth In The Incubator”, canção que nasce como uma valsa torta, passa por linhas de baixo saturadas e bateria setentista e termina com tanto barulho que você acaba se esquecendo de onde veio aquilo tudo!

+++ Leia mais textos sobre o The Flaming Lips

Lançado em junho de 1993, Transmissions From The Satellite Heart fez 30 anos de seu lançamento, e é sexto álbum do The Flaming Lips. O primeiro de inúmeros e constantes delírios criativos de caras que, até hoje, seguem se alternando entre discos estranhos e gemas pop.

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FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

ANO: 1993
GRAVADORA: Warner Bros
FAIXAS: 11
DURAÇÃO: 43:04
PRODUTOR: The Flaming Lips, Keith Cleversley
DESTAQUES: “Turn It On”, “She Don’t Use Jelly”, “Be My Head”, “Moth In The Incubator”
PARA FÃS DE: Rock Alternativo, Neo-Psicodelia, Mercury Rev

 

 

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