Lançamentos Bandcamp: Black Belt Eagle Scout, Fvnerals, Molly, Moving Targets e Quasi


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Katherine Paul, do Black Belt Eagle Scout

Carnaval chegando ao fim e um monte de lançamentos pra ouvir e sem saber por qual começar?

Pensando nisso, e em outras coisas mais (claro!), resolvemos criar dentro da seção Lançamentos esse espaço de indicações de álbuns lançados no ano e que não foram tão “badalados”, especificando o humor para poder melhor apreciar cada um dos trabalhos apresentados.

Vumbora dar aquela garimpada juntos nesse monte de coisas muitos pouco comentados.

SÓ PRA LEMBRAR QUE todas as músicas ou bandas citadas ao longo do texto estão na nossa Playlist de 2023, junto com outra centena de lançamentos que recomendamos.


Black Belt Eagle Scout: The Land, The Water, The Sky

Black Belt Eagle Scout traz em seu novo álbum canções intimistas construídas sob influência do Indie-Rock e do Indie-Folk, com vocais cantados quase como um sussurro ao ouvido (às vezes mais etéreos) e climas envolventes. É o que a multi-instrumentista e vocalista Katherine Paul tem a oferecer em The Land, the Water, the Sky (Saddle Creek Records), seu terceiro trabalho sob o nome de Black Belt Eagle Scout. De raízes indígenas, ativista e queer, as letras de Katherine aqui versam principalmente sobre relacionamento, mas também sobre a conexão com a natureza, representado na imagem que ilustra a capa e o título do álbum.

NA DÚVIDA VÁ DIRETO EM: “Nobody”

Fvnerals: Let The Earth Be Silent

Lento, pesado, denso, hipnótico e sombrio são alguns adjetivos que quem se amarra nessa classe gramatical se sentirá tentado a usar para descrever a música composta pelo Fvnerals – não estando de forma alguma equivocado. Para que gosta de gêneros: Dark Ambient, Doom, Post-Rock. Da litorânea cidade de Brighton, mas atualmente baseado em Leipzig, o trio liderado pela vocalista/baixista Tiffany Ström e pelo guitarrista Syd Scarlet (Thomas Vaccargiu completa a formação  na bateria) chega ao seu terceiro disco trabalhando canções que criam atmosferas sufocantes e propondo ao ouvinte nada menos que imersão e atordoamento sensorial.  Desde os primeiros instantes de Let The Earth Be Silent (Prophecy Productions), com a faixa “Ashen Era”, a banda atinge o ouvinte com um instrumental construído a partir de camadas distorcidas e vocais entre o etéreo e o lúgubre. O novo álbum e menos aterrador que Wounds (2016), mas não menos provocante.

NA DÚVIDA VÁ DIRETO EM: “Descent”

Molly: Picturesque

Prepare-se para riffs de guitarra cintilantes em efeitos de distorção e reverb e arranjos épicos. Em Picturesque (Sonic Cathedral), segundo álbum sob a alcunha de Molly, o guitarrista/vocalista austríaco Lars Andersson um conjunto coeso de seis canções que buscam a cada variação surpreender o ouvinte com camadas sonoras volumosas que se alternam com passagens mais silenciosas ou climáticas; o vocalista também gosta de acentuar a pronúncia das palavras, como se as saboreasse antes de soltá-las. Aqui é possível encontrar tanto o Post-Rock na linhagem de bandas como Sigur Rós quanto um lado mais etéreo do Dreampop. Aficcionado pela era Romântica em suas diversas manifestações artísticas, o músico tenta trazer para o seu trabalho esse lado mais emocional, uma das características daquele movimento. E apesar de ter apenas seis faixas, as longas “Metamorphosis” e “The Lot” valem por três cada uma.

NA DÚVIDA VÁ DIRETO EM: “Ballerina”

Moving Targets: In The Dust

Se busca por canções enérgicas capitaneadas por guitarras distorcidas de um trio que gosta de enveredar pelo Power-Pop. Do estado de Massachussets, que deu ao mundo nomes como Pixies, Dinosaur Jr., Lemonheads, Belly e tantas outras, o trio Moving Targets, embora pouco conhecido por aqui, tem uma trajetória que vem desde os primeiros anos da década de 80, embora só tenha lançado seu primeiro álbum em 1986. Brave Noise, disco de 88, chegou a ser comentado na Revista Bizz, citando conexões com Husker Dü e as chamadas guitar-bands. Reformado após um longo hiato, In The Dust (Boss Tuneage) é o terceiro álbum após a volta e tem canções com guitarras no talo e momentos mais melódicos, sob o comando do guitarrista/vocalista Kenny Chambers, único remanescente da formação original.

NA DÚVIDA VÁ DIRETO EM: “Make It Easy”

Quasi: Breaking the Balls of History

Se o senso de desconstrução e loucura de bandas como Menomena, com arranjos sinuosos e uso de elementos pouco convencionais, e uma bateria que adora assumir o protagonismo das canções, tomando o primeiro plano, lhe soa atraente, os ilustres veteranos do Quasi tem aqui a “fórmula” certa, com a adição de elementos como Psicodelia e Indie-Rock noventista. Chegando aos trinta anos de carreira, Breaking the Balls of History (Sub Pop) é o décimo álbum do grupo após um hiato de 10 anos. Se há as conexões musicais com o Menomena, de quem também são conterrâneos (ambas de Portland), a ligação com o Sleater-Kinney vem da presença de Janet Weiss (o núcleo da banda junto com o vocalista Sam Coomes) como baterista, rompida em 2019; mesmo ano em que fraturou a perna e a clavícula em um acidente.

NA DÚVIDA VÁ DIRETO EM: “Last Long Laugh”


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