‘The End Of Silence’, da Rollins Band: não-convencional, raivoso e influente


Henry Rollins e sua Rollins Band

Henry Rollins foi vocalista do State of Alert, banda punk de Washington D.C., e também foi a icônica voz do Black Flag nos anos 80. Com ele, o Black Flag ganhou projeção e dividiu com o Bad Brains o título de “banda mais perigosa da América”, tamanha intensidade das apresentações.

Também com ele, o Black Flag evoluiu do Punk Rock básico para o que passou a ser entendido como Post-Hardcore, ou algo exatamente entre esses estilos. Os últimos álbuns da banda já apresentavam estruturas musicais mais arrastadas, com forte influência de Heavy Metal e letras mais pessoais. Tudo serviu como base para o Grunge e para as primeiras bandas do que foi chamado de Emocore.

Esse contexto é a base do que viria ser a Rollins Band.

É comum encontrarmos The End Of Silence creditado como o quinto disco da Rollins Band. A verdade é que é o terceiro, e a explicação é que os dois primeiros álbuns já tinham o genial e virtuoso guitarrista Chris Hackett em parceria com o vocalista Henry Rollins – cujo sobrenome batizaria a banda.

Mas, precisamente ao ano de 1992, quando The End Of Silence foi lançado, Rollins gozava de certo prestígio que alguns músicos veteranos passaram a ter durante a era Grunge dos anos 90 (vide Iggy Pop e Neil Young), com a diferença de que ainda estava em plena ebulição criativa, com uma banda afiada e com propostas conflitantes ao simples resgate dos três acordes básicos do Mudhoney ou Nirvana. A Rollins Band era inclassificável musicalmente. Punk? Heavy Metal? Hard Rock, Jazz Fusion, funky, groove? Tudo isso. Tudo feito a partir da fúria incontida de Henry.

Se este resenhista tivesse que definir um estilo, seria Punk-Fusion, mas mesmo assim seria reducionista demais diante da influente massa sonora entregue pela Rollins Band neste momento da história.

O primeiro dos acertos da Rollins Band: o engenheiro Theo Van ‘Rock’ Eenbergen passou a ser creditado como membro da banda. Partia dele a clareza do som disposto pela banda nessa fase.

O segundo êxito foi ter Andy Wallace como produtor. Com vasta experiência na música pesada (ele foi engenheiro em álbuns do Slayer, Sepultura e Nirvana), produziu com maestria o álbum, deixando a banda plena para as instrumentações e experimentações em estúdio, extraindo as melhores performances, mesmo nas músicas mais longas e arrastadas – fora do padrão radiofônico de três minutos e meio.

Músicas com sessão rítmica não convencional, como “Grip” e “Obscene”, em que acontecem inúmeras mudanças de andamento, trazem a clareza de cada instrumentista, todas em órbita do esporro odiento, bruto e também melancólico do vocalista.

Feroz, contundente e ameaçador, Henry Rollins conduz aos berros temas que falam de relações conturbadas (no ótimo hit single “Tearing”), autoestima (noutro single, “Low Self Opinion”), conflitos pessoais (na excelente “Grip”), confusões mentais provocadas por depressão/ansiedade/pânico ou quaisquer um desses males (“Obscene”), gente que mente para se sobressair (“Another Life”) e, evidentemente, ódio puro e genuíno (“Just Like You”).

É com impassividade que Rollins, e a sua Rollins Band, entregaram uma das pedras fundamentais do Rock que passaríamos a ouvir a partir dos anos 90.

Ouvindo The End Of Silence, 31 anos depois, dá para entender de onde vieram bandas tão influentes hoje, como o Tool, por exemplo.

+++ Leia a crítica de ‘Strap It On’, do Helmet

A banda passou por mudanças completas de formação até a dissolução em 2002. Em 2006 voltariam a se apresentar ao vivo (num programa de TV apresentado por Rollins) com a formação clássica, mas sem a promessa de novo material. Segundo Rollins, sem ‘nada de novo’ para propor, não se sente à vontade em viver do passado.


Rollins BAnd - The End of SIlence

 

 

 

Ano | Selo: 1992 | Imago Records
Faixas | Duração: 10 |
Produtor: Andy Wallace
Destaques: “Low Self Opinion”, “Grip”, “Tearing”, “Obscene”
Pode agradar fãs de: Post-Hardcore, Punk-Fusion, Grunge

 

 

 


 

Previous Jenny Lewis anuncia o álbum 'Joy'All'; Ouça o single "Psychos"
Next Depeche Mode aprimora sonoridade no surpreendente 'Memento Mori'

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *