O urgente (e necessário), ‘Jardineiros’ marca retorno do Planet Hemp


Planet Hemp, Foto de Fernando Schlaepfer
Foto | Fernando Schlaepfer (Divulgação)

Se tem algo está diretamente relacionado a trajetória do Planet Hemp é o seu caráter revolucionário. Fruto da influente cena dos anos 90, a banda uniu estéticas sonoras ligadas ao Rap, Rock, Psicodelismo, Hardcorde/Punk e ao Reggae.

Para além do som, a banda liderada por Marcelo D2 e BNegão soube captar o espírito de sua geração ao abordar nas letras questões urgentes ligadas a política nacional e pró-descriminalização da maconha.

Em sua fase embrionária, a banda produziu três discos: Usuário (1995), Os Cães Ladram, Mas a Caravana Não Para (1997) e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000), trabalhos que os alçaram à popularidade, mas que também trouxe incômodo à parcela purista e tradicional brasileira. Tal fato fez com que a banda fosse presa em 1997 pelo crime de apologia.

Entre idas e vindas, o grupo se manteve na ativa, com apresentações (viscerais) ocasionais em festivais, fator este que fez com que o público mantivesse conectado com sua música e seus ideais. Passados 22 anos do último disco lançado pela banda, eis que os “maconheiros mais famosos do Brasil”, como se autointitulam, retornam com o aguardado álbum de inéditas.

Produzido pela banda junto com Mario Caldato, Nave e Zegon, Jardineiros é, à primeira vista, uma clara amostra de como musicalmente a banda evolui, agregando a sua vasta sonoridade outros elementos como batidas eletrônicas do Trap e um aceno ao Rock Industrial, como se percebe no single “Distopia”, que conta a presença do rapper Criolo. Para os fãs de outrora, faixas ferozes como “Taca Fogo”, “Fim do Fim” e “Veias Abertas” devem promover uma elegia ao pogo e as rodas de mosh nas apresentações ao vivo.

Planet Hemp, Jardineiros
Planet Hemp e Criolo – Foto | Bel Gandolfo (Divulgação)

O álbum conta com participações especiais, do parceiro de longa data Black Alien (na ótima “O Ritmo e a Raiva”), do trio de música eletrônica Tantão e os Fita (nas já citadas “Distopia” e “Taca Fogo”), do duo Tropkillaz (em “Ainda”) e do rapper argentino Trueno (em “Meu Barrio”), mostrando as claras intenções da banda em transitar entre tradição e modernidade.

+++ Leia sobre o álbum ‘Check Your Head’, do Beastie Boys

Liricamente, a banda segue mantendo o discurso libertário, promovendo um discurso afrontoso ao bolsonarismo e a pautas reacionárias. E por mais que falar de maconha em 2022 soe, inicialmente, datado, o retorno do PH é urgente e necessário. Ainda mais em tempos nos quais o gênero Rock tem seguido, salvo raras exceções, por um caminho acovardado e omisso.


Capa de 'Jardineiros', do Planet Hemp

INFORMAÇÕES:

LANÇAMENTO: 21 de outubro de 2022
GRAVADORA: Som Livre
FAIXAS: 15
TEMPO:  37:42 minutos
PRODUTOR: Planet Hemp, Mario Caldato Jr., Nave e Zegon
DESTAQUES:  “Taca Fogo”, “Fim do Fim”, “Veias Abertas” e “O Ritmo e a Raiva”
PARA QUEM CURTE: Fusão de Estilo, Planet Hemp
CURIOSIDADE: ‘Jardineiros’ quebra um hiato de aproximadamente 22 anos, ‘A Invasão do Sagaz Homem Fumaça’, lançado em 2000.

 

 


 

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