A Casa é um longa-metragem de suspense psicológico bem oportuno para o momento que vivemos. Aborda diversas temáticas e críticas sociais. O filme em alguns aspectos lembra muito a produção coreana Parasita, de 2019. O filme é dirigido pelos irmãos Àlex Pastor e David Pastor, que são responsáveis também pelo roteiro.
O filme acompanha a rotina do renomado publicitário Javier Muños (Javier Gutiérrez), acostumado a levar uma vida de classe média alta. Há algum tempo desempregado, ele se vê forçado a mudar com a família para um apartamento mais simples, tendo que abrir mão do status de alta classe. E se tem algo que incomoda as pessoas que vivem “por cima” é ter que viver o oposto disso. É aquela velha história: quem vive no bem bom não quer deixar de usufruir de conforto e segurança.
O título A Casa, faz uma alusão ao contexto de “sonho americano: “a imagem da casa perfeita, com ótima iluminação em um bairro renomado”. É a ilusão que grande parcela da população alimenta, como ser bem-sucedido na vida, esquecendo-se de conceitos e virtudes fundamentais como compaixão e amor ao próximo.
Javier busca se reestruturar e retornar ao mercado de trabalho, mas se vê preso em um campo cada vez mais competitivo e tomado por pessoas mais jovens, com ideias inovadoras. E tendo que encarar entrevistas humilhantes de emprego.
Perante a dura realidade, ele passa a espionar a vida dos novos moradores do seu antigo apartamento, dentre eles Tomas (Mario Casas), um importante executivo bem-sucedido que também guarda seus segredos obscuros.
A partir daí, Javier invade feito uma sanguessuga a vida dos novos moradores, passando a nutrir cada vez mais sentimentos de inveja, raiva, obsessão. O que o leva a tomar medidas desesperadas e lunáticas.
O filme entrega bons momentos de suspense psicológico. Não é uma obra perfeita, tem suas falhas, suas lacunas. Algumas questões levantadas caberiam mais aprofundamento. O longa bebe das águas dos velhos clichês já conhecidos. Não é algo que chega a atrapalhar a experiência do espectador.
A ótima performance de Javier Gutiérrez também se sobressai sobre as falhas. A sua transformação de um bom pai de família, marido amoroso e profissional bem-sucedido em um homem frio, calculista com comportamento cada vez mais sociopata, é digna de indicação ao Oscar.
O longa cria metáforas para denunciar o quanto as pessoas estão se tornando cada vez mais individualistas e parasitas. É uma amostra do que muitas delas são capazes de fazer para alcançar seus objetivos ou retomar seus status.
Em um contexto geral, o filme não desagrada. Tem seus momentos dramáticos recheados de suspense psicológico e ótimas atuações. Dá suas derrapadas no terceiro ato, com formulas já batidas de fazer suspense. Mas não deixa de ser uma ótima atração para esses dias sombrios e áridos o qual temos vivenciado.
NOTA: 7.5
NOTA DOS REDATORES:
EDUARDO JULIANO: –
EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: –
MÉDIA: 7.5
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:: FICHA TÉCNICA::
Gênero: Drama, Suspense, Thriller
Duração: 1h43min
Direção: David Pastor, Àlex Pastor
Roteiro: David Pastor, Àlex Pastor
Elenco: Javier Gutiérrez, Mario Casas, Bruna Cusí, Ruth Díaz e outros.
Data de Lançamento: 25 de março de 2020
País de origem: Espanha
Censura: 14 anos
Mais Informações: IMDB | ROTTEN TOMATOES
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