O adeus a uma das bandas de Rock mais importantes de sua geração: o Skank


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Foto | Alexandre-Stehling (Divulgacao)

Acredito que boa parte da minha geração tenha o Skank como elemento essencial de sua identidade musical. Com carreira iniciada nos anos 90, o quarteto foi responsável pela consolidação do Pop/Rock nacional. Os sinais e abertura dadas pelas bandas dos anos 80 fizeram com que os 90’s fossem um período de efervescência, dada a tamanha pluralidade de bandas e artistas que construíram suas carreiras no período.

Nas Minas Gerais, o período há de ser lembrado (e eternizado) pela trajetória de bandas como o Pato Fu, o Jota Quest, o Virna Lisi e o Tianastacia, que conseguiram, de maneira própria, romper a bolha do eixo sul/sudeste e conquistar sucesso de maneira nacional. Numa época em que números não mentiam ou maquiavam a realidade, o Skank atingiu vendagens exorbitantes. Discos como Calango (1994) e O Samba Poconé (1996), por exemplo, romperam a marca de 1 milhão de cópias e pavimentaram a carreira da banda para as próximas décadas.

A sonoridade da banda, inicialmente, unia elementos da música negra (ligada ao Reggae, Ska e adjacências) que era somada a brasilidades diversas, mas foi evoluindo, disco a disco, ao incorporar elementos ligados ao Rock inglês, beats eletrônicos, a Bossa Nova e fazer reverência ao Clube da Esquina. Maquinarama (2000), um dos prediletos da casa, e Cosmotron (2003) são bons exemplos dessa seara, mostram uma banda que não se rendeu as fórmulas prontas e esteve disposta a seguir suas próprias convicções e interesses.

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Foto | Alexandre-Stehling (Divulgação)

Os hits, aliás, são tantos que não cabem num simples texto, mas estão bem representados em coletâneas como Radiola (2004) e #1hits que cobrem fazem distintas da banda. Mas o fã bem aventurado que quiser ir mais a fundo na discografia da banda, composta por 9 álbuns de estúdio, irá descobrir pérolas como “Ali” (de Maquinarama), “O Som da sua Voz” (de Carrossel), “Chão” (de Estandarte), “Multidão” (parceria com BNegão presente em Velocia) entre tantas outras faixas que merecem nossa atenção.

Inegavelmente, Samuel Rosa é um dos melhores compositores de sua geração. Ele é autor de diversas canções que fazem parte do cotidiano brasileiro. Mas é necessário também reconhecer que Rosa se cercou de ótimos parceiros musicais como Nando Reis, Chico Amaral, Lô Borges, César Maurício (Virna Lisi / Radar Tantã), Fausto Fawcett, Rodrigo F. Leão, o finado Marcelo Yuka (ex- O Rappa), Emicida e Lucas Silveira (Fresno).

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Ao vivo, a banda fez do palco uma extensão do grau de excelência conquistado em estúdio e, por isso, há diversos registros de apresentações icônicas como Ao Vivo em Ouro Preto (2001) e o Multishow Ao Vivo – Skank no Mineirão. A épica (e derradeira?) apresentação realizada no Estádio Mineirão, no dia 26 de março, durou cerca de três horas e, mais uma vez, foi uma excelente oportunidade de vislumbrar o porquê a banda alcançou tamanho status de grandeza.

Não acredito que a apresentação não seja um adeus. Uma banda da grandiosidade do Skank não termina. A história e tempo dirão. Por hora, fica um até logo para uma das bandas mais importantes que permaneceram vivas.


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