‘Guitar Days’ documenta a cena alternativa nacional dos 90, e é imperdível


Poster do documentário Guitar Days

Fazer Rock no Brasil até hoje não é um troço fácil. Agora imagina no final da década de 80 / início dos 90, cantando em inglês e tendo como referências bandas gringas barulhentas como Sonic Youth, Jesus and Mary Chain e My Bloody Valentine, só para citar algumas. É sobre essa “cena” musical, que colocava o barulho das guitarras (incluindo microfonia) à frente de tudo – logo sendo rotuladas de guitar-bands – que o imperdível e premiado documentário Guitar Days – An Unlikely Story of Brazilian Music, dirigido por Caio Augusto Braga se debruça.

O documentário levou cinco anos para ficar pronto e foi lançado em 2019. Com um cuidado e amplitude extrema, Guitar Days procura abarcar o maior número possível de bandas e personagens (jornalistas, promoters, produtores, donos de selo, proprietário de casa de shows, etc.), que através de entrevistas resgatam o cenário musical da época, intercalando com fotos, gravações da época e recursos gráficos divertidos. Com cerca de uma hora e meia, o filme de Caio tem uma edição dinâmica e fluída.

O resultado é nada menos que sensacional ao levantar os vários pontos de discussão possíveis: o duplo desafio de lutar contra o preconceito por cantar em inglês e fazer uma música barulhenta, somado ao discurso senso comum de não fazerem uma música “genuinamente brasileira”, além de outras tantas cagações de regras que essa galera teve que aturar, incluindo relacionadas a técnicos de estúdio, e, óbvio, os vários perrengues de sempre e as situações hilárias contadas pelas bandas.

Além das entrevistas com integrantes das bandas que fizeram parte daquela cena: Fernando Naporano (Maria Angélica Não Mora Mais Aqui), Pin Ups, Mario Bross (Wry), Killing Chainsaw, Second Come, Low Dream, Messias (Brincando de Deus), Garage Fuzz e muitos outros.

O documentário aproveita para levar a discussão (e a música) até algumas figuras tarimbadas da cena musical de fora: Thurston Moore (Sonic Youth), Mark Gardener (Ride), Stephen Lawrie (Telescopes), o jornalista Everett True, e até um consultor de idiomas dão seu depoimento sobre música e a importância (ou não) de se cantar na língua pátria ou em inglês e de forma “correta”. Nem precisava, mas é quase unânime a comprovação da qualidade de muitas dessas bandas, até maior que muitas bandas de fora.

+++ Leia sobre o documentário ‘Pop ao Reverso – A Trilha do Som Autoral’, de Alex Santos

Guitar Days participou de diversos festivais mundo afora e venceu os prêmios de Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário, no Festival Premios Latino del Cine y la Música/Marbella, Espanha 2018. O documentário é imperdível e está disponível para assistir no Vimeo, NESSE LINK.

Ouça abaixo a compilação feita especialmente para o documentário, com 27 bandas nacionais.

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