Representante alemão ao Oscar, ‘Nada de Novo no Front’ é uma adaptação desnecessária


Still do filme Nada de Novo no Front

A história da humanidade é marcada por grandes conflitos armados. Especificamente no último século, o mundo comportou a Primeira e Segunda Guerra Mundial, assim como os diversos conflitos na Ásia e Oriente Médio, cujo alguns perduraram até o século XXI. Em um mundo cada vez mais globalizado onde, atualmente, se assiste com atenção a Guerra da Ucrânia, filmes antiguerra não são mais revolucionários, principalmente porque os principais estúdios hollywoodianos (antes responsáveis por uma visão contrária) também compartilham e impulsionam a mesma opinião: a guerra é ruim e mata inocentes.

Diferente do cenário da primeira adaptação do livro, onde guerras tornaram-se plano de fundo para romances ou contava-se a história pela versão positiva e de heróis, Nada de Novo no Front nasce nesse contexto onde ser pró-guerra não é cool e, portanto, finda-se na prateleira de filmes de guerra como apenas mais um.

Ao retratar um grupo de adolescentes que vão lutar pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, o diretor Edward Berger dá continuidade a uma sequência de clichês que já assistimos inúmeras vezes em um cenário de conflito, incluindo o seu carro-chefe, que seria a mensagem de quão desumano e errôneo é lançar jovens para campo de batalha por interesses de um jogo geopolítico entre nações.

Still do filme Nada de Novo no Front

O próprio desencadeamento dessa crítica, que será apresentado a partir da representação da ampla massa de homens que serão eternamente marcados fisicamente, destruídos psicologicamente e/ou mortos pela guerra, não é uma exclusividade no campo, tão pouco possui uma abordagem original que dê relevância a essa nova versão do romance.

Se aproximando do que realizou Sam Mendes no não crítico a guerra 1917 (2019) ao criar planos-sequentes nas trincheiras e corridas em campos abertos, Berger também busca inspirações no brutal soviético Vá e Veja (1985), mesmo que com menos efetividade. Deste modo, ao longo do filme o que vemos, na verdade, é o diretor recorrendo a outras produções para montar sua encenação. E esse caráter copiativo, por fim, acaba atraindo alguns problemas que atraiçoam até a própria ‘‘essência’’ do filme.

Para uma produção crítica à guerra e as versões romantizadas que se contam sobre, as sequências de combate e a própria atmosfera superam a limiar entre o enaltecimento e o desprezo, valorizando, por fim, o primeiro ponto, estimando a capacidade artística no qual a ornamentação apenas causa a impressão de beleza e de bem articulada, mas que não atrai nenhuma emoção negativa que essencialmente a cena deveria ter, tornando as 17 milhões de baixas de um evento tão catastrófico um mero exibicionismo nas mãos de Berger.

+++ Leia a resenha crítica do filme ‘1917’, de Sam Mendes

Nada de Novo no Front, além de não apresentar nada grandioso ou relativamente novo para o gênero, traí a própria essência de sua existência.


Poster do filme Nada de Novo no Front

FICHA TÉCNICA E MAIS INFORMAÇÕES:

Título Original | Ano:  Im Westen nichts Neues  | 2022
Gênero: Guerra, Drama
País: Alemanha
Duração: 2:28 h
Direção: Edward Berger
Roteiro: Edward Berger, Lesley Paterson e Ian Stokell | Baseado no livro de Erich Maria Remarque
Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Daniel Brühl e outros
Data de Lançamento: 28 de outubro de 2022 (Brasil)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes
Link do filme: >>AQUI<<


 

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