‘Nós Somos a Tempestade’, de Luiz Mazetto, é um convite a imersão no Metal Alternativo


O Metal Alternativo é uma das searas do Metal que não só ajudaram a solidificar/enraizar o gênero como também a mantê-lo vivo e influente, servindo de inspiração para que a partir dele outros subgêneros pudessem surgir. Sua origem vem dos anos 80, período em que bandas como Faith No More, Melvins, Living Color e Jane’s Addiction conquistaram popularidade ao fundir vertentes musicais diversas como Trash Metal, Funk, Rap, Hardcore/Punk e a música eletrônica.

Nos anos 90, bandas influentes como Helmet e Tool alcançaram sucesso e abriram terreno para que o Metal Alternativo chegasse ao mainstream, reverberando sua influência no Nu-Metal (Korn, Limp Bizkit, System of a Down). E para tentar mapear as origens e diversas vertentes da ala alternativa da música pesada, Luiz Mazetto realizou uma série de entrevistas que estão compiladas na série Nós Somos a Tempestade.

Em ambas as obras o autor demonstra (de forma inspiradora) conhecimento enciclopédico para conduzir as conversas sobre temas diversos ligados a carreira de cada um dos entrevistados tratando de temáticas diversas como influências, discos prediletos, o conhecimento de música brasileira, o download ilegal e o futuro da música.

Livro Nós Somos a Tempestade
Sumário do livro ‘Nós Somos a Tempestade, de Luiz Mazetto

A destreza na condução das entrevistas faz com que as conversas ganhem em intimidade, trazendo à tona não só aspectos relacionados a música por si mesma, mas também as reais motivações que circundam seus trabalhos, como suas batalhas pessoais e o que lhes trazem orgulho ao realizar o trabalho que fazem.

Por mais que ambos os volumes tenham tido a benção da Editora Ideal e de Fábio Massari (o eterno ex-VJ da MTV), é interessante observar que o livro foi construído num formato “do it yourself” (faça você mesmo), especular aos artistas entrevistados que, em sua maioria, são da ala independente. Num exímio exercício de curadoria, as obras cumprem a nobre missão de apresentar artistas de todo o mundo, mas que nem sempre figuram entre os mais populares do gênero e merecem audições mais apuradas.

+++ Leia sobre o livro ‘Tenement Kid’, autobiografia de Bob Gillespie

Em tempos em que jornalismo contemporâneo segue formatos cada vez mais convencionais, sem se atentar ao novo, os dois volumes de Nós Somos a Tempestade, são bons (e raros) exemplos de amostragem de que é possível fazer obras relevantes sem se render ao modo convencional de ser fazer matérias, dando voz e exposição a quem já está na crista da onda.


 

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