‘Me Chame Pelo Seu Nome’ aborda romance homossexual, tem ótimas atuações, e ritmo arrastado


Uma das características mais belas do cinema é que cada espectador aprecia os filmes de maneira diferente. E plenamente consciente disso, o diretor italiano Luca Guadagnino tomou a corajosa decisão de adaptar para as telas o livro “Me Chame Pelo Seu Nome” de maneira extremamente fiel, se tornando desde já uma das melhores adaptações de um livro para o cinema, pois cada detalhe do mesmo é colocado em tela com muito esmero e dedicação. Tanta semelhança com o livro trás boas e más consequências.

Sabemos que a Literatura e o Cinema são linguagens diferentes de comunicação e ao transpor uma para a outra de maneira tão fiel algo pode não dar muito certo. No caso dessa adaptação, o maior problema é o ritmo, pois temos a sensação constante que nada de realmente importante está acontecendo e que a história simplesmente não anda.

O filme se passa durante as férias de verão na Itália – tema recorrente na filmografia do diretor -, no ano de 1983, quando uma família italiana recebe por intercâmbio em sua residência a visita de um belo e misterioso americano, que acaba despertando o interesse amoroso do jovem Elio, de 17 anos, filho do casal anfitrião.

A partir daí, todo o jogo de sedução entre eles é mostrado detalhadamente e sem nenhuma pressa. Suas dúvidas em relação as mulheres, o medo de aproximação, as descobertas, o medo de rejeição, o medo de aceitação, as provocações, o platônico se tornando real e finalmente o amadurecimento.

A fotografia é bela em alguns momentos, mas em grande parte do filme, não chama muita atenção. O diretor prefere usar a iluminação natural para dar um ar bucólico e verdadeiro ao que está sendo mostrado, mas de repente usa alguns recursos de iluminação esquisitos em algumas cenas que destoam do resto do filme.

A química entre o casal é muito boa e eles realmente parecem estar loucamente envolvidos, com destaque para o Timotheé Chalamet que interpreta de maneira visceral o jovem apaixonado.

No mais, o filme descamba em seu segundo ato para algo mais carnal – não explícito – do que o necessário e apresenta uma cena constrangedora envolvendo um pêssego, a qual não acrescenta em nada, muito pelo contrário, acaba até por destoar da qualidade geral filme.
No final do terceiro ato, o filme se reergue com apenas um diálogo que faz valer todo o tempo que gastamos, como se fosse um prêmio por não termos desistido no meio do caminho.

+++ Leia a crítica de ‘Adoráveis Mulheres’, de Greta Gerwig

Infelizmente Me Chame pelo Seu Nome é um filme tedioso sobre um amor de verão, que tem seus momentos inspirados, mas não chega a empolgar nunca.


FICHA TÉCNICA:

Gênero: Drama, Romance
Duração: 2h12min
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Hammer (Oliver), Timothée Chalamet (Elio), Michael Stuhlbarg (Mr. Perlman), Amira Casar (Annella), Esther Garrel (Marzia), e outros.
Roteiro: James Ivory (Baseado no Livro de André Aciman)
Lançamento: 18 de janeiro de 2018 (Brasil)
IMDB: Call Me by Your Name

 

 

 


 

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