‘Amor Moderno’ faz retrato honesto e suave do amor em nossos tempos


Baseada em histórias reais publicadas na coluna homônima e de grande sucesso do jornal New York Times, a série Amor Moderno, disponível no serviço de streaming Amazon Prime Video, transforma parte dessas histórias em uma série antológica composta de oito episódios simples e curtos.

Os episódios têm em média meia hora de duração e como em toda antologia, as histórias e personagens são diferentes em cada um deles, portanto, podem ser vistos em qualquer ordem, com exceção do oitavo episódio pois este contém elementos dos sete primeiros e, portanto, deve ser visto por último a fim de ser devidamente apreciado.

As histórias apresentam basicamente um casal (amigos, casados, desconhecidos, colegas de trabalho, etc.) lidando com o amor em suas diversas formas e fases. As histórias abordam, além do amor próprio, o amor amigo, o amor perdido, o amor bipolar, o amor desgastado, o amor sem filtro, o amor entre diferentes gerações, o amor que vem com a paternidade e finalmente o amor na terceira idade.

Cada episódio pode emocionar profundamente ou ser totalmente desinteressante. Isso vai depender muito das experiências pessoais que cada um tem ou teve ao longo da vida, embora a série nos convide, de maneira muito competente e nada manipulativa, a exercer a nossa empatia e imergir em cada situação proposta, o que não é nada difícil devido a ótima qualidade da produção.

Porém, transmitir essa verdade seria impossível se a série não contasse com atuações tão boas. Podemos destacar as performances de Anne Hathawey interpretando uma bipolar de maneira visceral, Tina Fey interpretando uma esposa sentindo o peso do anos em seu casamento, Catherine Keener interpretando uma repórter que se identifica muito com a “confissão” de um entrevistado, Jane Alexander interpretando uma senhora correndo contra o tempo ao encontrar o amor tardiamente, dentre tantos outros destaques.

A grande maioria dos episódios conta com a sensibilidade na direção do irlandês John Carney, mais conhecido por dirigir os excelentes filmes: Apenas uma vez (Once, 2007) e Mesmo se Nada Der Certo (Begin Again, 2013).  O tom escolhido pela direção é leve, suave e envolvente. As histórias são compostas basicamente por diálogos bem escritos e a ambientação sempre elegante e muito bem fotografada da cidade de Nova York, casando bem com as canções pop escolhidas para a trilha sonora. Destaque para a excelente canção “The Girl Who Fell To Earth” do Gaz Coombes, vocalista da banda britânica Supergrass e que dá o tom emocionalmente delicado do belíssimo primeiro episódio.

Pena que as histórias escolhidas para representarem o amor moderno, conforme sugerido pelo título da série, acabam sendo um recorte muito pequeno diante de toda a pluralidade possível. Até nas histórias um pouco mais “polêmicas”, como a do casal gay que decide fazer uma adoção aberta ou a da relação platônica e paternal entre uma jovem e um senhor de idade, a série se acovarda e pisa no freio em um esforço visível para agradar a um público mais amplo, se tornando totalmente inofensiva.

+++ Leia a crítica da série ‘This is Us’, no Prime Video

Se analisada apenas como um entretenimento suave, de fácil consumo, bem realizada e inegavelmente romântica, a série atinge seus objetivos com muita competência, conseguindo emocionar em pelo menos metade de seus episódios, com destaque para os ótimos “Quando o Porteiro é Seu Melhor Homem”, “Quando o Cupido é uma Jornalista Curiosa”, “Me Aceita Como eu Sou, Quem Quer que eu Seja” e “A Corrida Fica mais Gostosa na Volta Final”, porém, mesmo com uma segunda temporada já confirmada, a série deixa claro que não pretende sair da “zona de conforto” e assim acaba se colocando como um interessante, porém esquecível conjunto de boas histórias sobre como a natureza humana é capaz ou incapaz de lidar com o amor nos loucos dias atuais.


FICHA TÉCNICA:

Gênero: Romance, Comédia
Duração: 32 min (média de cada episódio)
Direção: John Carney (4 episódios), Tom Hall (2 episódios), Sharon Horgan (1 episódio), Emmy Rossum (1 episódio)
Roteiro: John Carney, Terri Cheney, Tom Hall e outros
Elenco: Tina Fey, Andy Garcia, Julia Garner, Anne Hathaway, Catherine Keener, Dev Patel, Olivia Cooke, Ed Sheeran e outros
Data de Lançamento: 18 de outubro de 2019
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB / ROTTEN TOMATOES

 

 


 

Previous THE VEGAN LEATHER – Poor Girls/Broken Boys (2019)
Next LOW ROAR – ross. (2019)

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *