‘Lady Bird: A Hora de Voar’ é simples, despretensioso, e muito cativante


saiorse ronan em lady bird 2017

Lady Bird, de Greta Gerwig, é um pequeno recorte sobre os anseios de uma jovem pobre, cursando o ultimo ano do ensino médio, vivendo no interior e que se vê sem perspectiva de futuro, sem condições de entrar em uma boa faculdade e se desentendendo com o mundo inteiro e principalmente com sua mãe, com a qual tem discussões homéricas o tempo inteiro.

E é basicamente isso. A história não vai muito além, então só resta ao roteiro, desenvolver e se aprofundar no dia a dia dessas personagens.

Então, uma espécie de milagre acontece, pois o que poderia ser algo chato e desinteressante, acaba nos ganhando por três fatores: atuações soberbas, diálogos cortantes e engraçados e a capacidade da diretora de nos fazer entender que os pequenos dramas de uma colegial são imensos aos olhos dela.

Tudo é muito intenso e urgente, como se não houvesse amanhã, pois é assim mesmo que o mundo parece ser quando somos adolescentes e não sabemos ao certo qual caminho seguir e o que o futuro nos reserva.

Dizem que é um filme autobiográfico, e embora a diretora/roteirista negue, existem várias referências entre os acontecimentos do filme e a vida real da mesma. Como por exemplo, a mãe da diretora é enfermeira na vida real, assim como a mãe da protagonista no filme. Outra ‘coincidência’  é que a protagonista tem o mesmo nome da mãe dela. Mas sendo real ou não, o que chama atenção mesmo no filme é a sensação de verdade que permeia cada cena. As situações, por mais bizarras ou exageradas que possam ser, exibem uma fluidez e uma naturalidade absurda.

O filme é equilibrado e consistente, mas deve-se salientar não é um filme muito empolgante, tem um ritmo lento e nem ao menos traz algo de novo ou surpreendente. É apenas um filme mediano, com história simples, mas que conta com atuações bem acima da média. As atrizes Saoirse Ronan e Laurie Metcalf, respectivamente Lady Bird e sua mãe, têm uma química incrível em cena e ambas sustentam o filme inteiro. E o grande acerto da direção foi justamente focar no conflito das duas, explorando o potencial das atrizes de nos fazerem perceber que apesar de todas as brigas, embaixo de todas as camadas, essa é uma história do mais puro amor entre mãe e filha como poucos filmes conseguiram mostrar.

Outro ponto interessante é que existe um real esmero em evitar situações clichê, embora a história nos pareça sempre familiar. A trilha sonora não é original, mas foi muito bem selecionada. A escolha das músicas remete ao início dos anos 2000, período no qual se passa a história, e as canções Indie-Pop dão o tom despretensioso do filme.

+++ Leia na coluna VI E RECOMENDO sobre ‘Mulheres do Século 20’, de Greta Gerwig

Lady Bird é  um filme pequeno e independente, porém executado com grande competência. Apesar dos elogios superlativos por parte da crítica mundial e de todas as indicações ao Oscar recebidas, aconselho a não elevar muito suas expectativas, para assim poder aproveitar melhor toda a simplicidade desse belo filme.


FICHA TÉCNICA:

Gênero: Drama, Comédia
Duração: 1h 34 min
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Lucas Hedges
Roteiro: Greta Gerwig
Lançamento: 05 de abril de 2018 (Brasil)
IMDB: Ladybird

 

 

 

 


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