“Álbum solo de Ordep é rico em melodias e viciante”
O multi-instrumentista Ordep Lemos apareceu para o Brasil como baterista e um dos líderes da banda baiana Lampirônicos. Depois de fazer parte de outros grupos importantes no cenário alternativo baiano como: Utopia, Treblinka, Saci Tric, Orelha de Van Gogh, o reconhecimento só veio com o disco ‘Que Luz é Essa’, dos Lampirônicos.
Lampirônicos fazia uma fusão do rock baiano com o baião, e com letras por vezes poéticas, somado a um som muito interessante. Fizeram um relativo sucesso ao final da década de 90 e início dos anos 2000, com dois discos lançados, turnês pelo Brasil e até no exterior. A banda, como muitas outras surgidas naquela época, se dissolveu com o passar dos anos. Diferenças criativas e de relacionamento terminaram o seu ciclo. Podem ser considerados irmão distante de Jorge Cabeleira, outra banda surgida naquele período, na cidade de Recife, devido às influências semelhantes, sendo esta bem mais pesada.
Ordep se mudou para São Paulo em 2006, e depois de oito anos morando e trabalhando lá – inclusive como baterista de Kiko Zambianchi, por seis anos. Durante esse tempo foi costurando e construindo bom material, que deu vazão nesse seu primeiro álbum solo, autointitulado.
O período em São Paulo ajudou a aumentar seu conhecimento musical, somando-se às influências que ele já trazia de seu passado na capital baiana. Surge assim um som com uma pegada bastante pesada e suingada, por vezes roqueira, resultando em um caldeirão sonoro dos mais potentes encontrados no cenário nacional. O álbum é uma continuidade fiel e natural dos trabalhos realizados durante sua estadia em Salvador, traz muita influência da música regional nordestina e da força visceral dos ritmos africanos, com pitadas de samplers e elementos da música eletrônica.
As letras vão de temas relacionados à espiritualidade, e sua ligação com o Candomblé, o respeito à natureza, às diferenças culturais, sociais e étnicas, buscando expressar sua visão do mundo, suas crenças e também um pouco de sua vida:”Falo um pouco de preconceito, e não só religioso. Falo de problemas sociais e da minha trajetória de vida”, conta.
Os destaques ficam por conta das faixas “Eu vou pro mato”, “É hora do chá”, “Batuqueiro”, “Alafiá” e “Na Morada”.
Em se tratando de um recomeço de carreira, Ordep nos apresenta um trabalho musicalmente muito rico em melodias e com composições marcantes, que não saem facilmente da cabeça, seguindo em alta rotação aqui no player.
:: NOTA: 8,0
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:: FAIXAS:
01 – Eu Vou Pro Mato
02 – É Hora do Chá
03 – Batuqueiro
04 – Na Favela
05 – Alafiá
06 – Você Disse Adeus
07 – Crer Pra Ver
08 – E Você
09 – Balanço
10 – Na Morada
11 – Fique Bem
12 – Computador
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:: Assista abaixo ao videoclipe de “Crer Pra Ver”:
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