“Barcamundi correndo atrás da maturidade em Disco Adulto”
Barcamundi é uma banda de Niterói (RJ) e foi formada em 2013. Em 2015 surgia seu primeiro e homônimo álbum. Até 2019, lançaram alguns EP’s, inclusive o audiovisual “Revoada” (2016). O segundo álbum mesmo, chega somente agora, quatro anos depois do début, cercado de muitas expectativas.
O grupo é integrado por Gabriela Autran (escaleta, synth e backing vocal), Gil Navarro (bateria), João Barreira (voz, violão e guitarra), Leon Navarro (guitarra, pífano, clarinete, escaleta, marimbau e backing vocal), Matheus Ribeiro (guitarra e trompete) e Pedro Chabudé (baixo). Para a produção de ‘Disco Adulto’, ainda participam Lucas Lopes (piano) e Rebeca Sauwen (vocalista do Gragoatá, outra banda de Niterói) colaborando com vocais adicionais.
Com tantos membros e usando variados instrumentos, não tem como negar que a sonoridade do Barcamundi busca arranjos múltiplos, centrados numa musicalidade inspirada em fusão de gêneros (a pós-MPB e o rock alternativo andam juntos e funcionam). Diferentes texturas, ligação do orquestrado com o eletrônico, equilíbrio de momentos minimalistas/intimistas com fúrias instrumentais, o experimentalismo como engrenagem para sair da mesmice. São recursos que os cariocas usam na construção de “Disco Adulto” (Tratore Records).
O início de “Balão” tem uma paleta sonora que se aproxima do folk, todavia, depois da metade da música, tudo se transforma, a guitarra surge distorcida, os contornos de rock pesado tomam as rédeas. Uma das melhores do álbum, “Velho Retrato”, começa tímida, se afunda na psicodelia e dessa vez efeitos e sintetizadores sombrios ecoam no cérebro (mas de uma forma bem-vinda e ousada).
Não apenas cuidando da parte instrumental e dos arranjos rebuscados, o Barcamundi se preocupa com as letras, muitas vezes citando o isolamento, a distância e a separação. Sentimentos esses que, direta ou indiretamente, fazem parte do tema central do álbum.
Se em “Amor Concreto” o grupo faz um divertido jogo de palavras e usa de recursos estilísticos para dar um toque de descontração à faixa. Por outro lado, é em “Mãe” que a nuvem melancólica chega através de uma letra sensível e poética, que deve tocar o coração de muitos ouvintes: “A minha mãe/Puxou meus olhos/E o jeito do meu pai/De me olhar nos olhos/A porta aberta/Molhar meus olhos/Sem avisar ninguém’.
Os vocais femininos e masculinos infundem mais charme ao trabalho, sobretudo na faixa título, que traz um clima retrô, romântico e nostálgico.
Sem medo de pegar inúmeras referências/influências, nacionais ou internacionais, Barcamundi passa sem riscos pelo perigo do segundo disco. Estão prontos para seguir adiante. Bebendo de fontes como Radiohead, Mutantes, Pink Floyd, Chico Buarque, Lestics, tudo vira motivo para dar energia a esses cariocas, para uma discografia que parece não terminar agora (e nem deve).
:: NOTA: 7,3
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NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
MÉDIA: 7,3
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:: LEIA TAMBÉM DE EDUARDO SALVALAIO: MERCURY REV – BOBBIE GENTRY’S THE DELTA SWEETE REVISITED (2019)
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:: FAIXAS:
01. Amor Concreto
02. Mãe
03. Pouso
04. Balão
05. Disco Adulto
06. Tela de Cinema
07. Velho Retrato
08. Leito Frio
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:: Ouça o álbum na íntegra:
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