O lançamento do EP Appalish (“Glass React” / “Appalish”), em 2019, parecia prenunciar que o retorno da Devlish Dear se daria naquele ano. Não foi! Só agora, passados mais três anos desde lá e mais de cinco desde o relançamento de These Sunny Days (2015/2017), seu álbum de estreia, é que o projeto formado por Braulio Almeida (guitarras, bateria, produção), Shelly Modesto (vocal, letras) e Rômulo Collopy (baixo) finalmente soltou o seu aguardado segundo álbum, Army of Nothing (OUÇA AO FINAL) pelo selo Midsummer Madness – atrasado devido a fatores diversos, incluindo a pandemia.
Embora Army of Nothing estivesse praticamente pronto desde 2021, a ideia era que o registro ganhasse uma versão física. Como queriam registrar o novo trabalho em vinil a banda fez um crowdfunding para a prensagem de 200 cópias do álbum em vinil branco, e para isso, utilizaram o francês Diggers Factory, serviço de produção de vinil feitos sob demanda. No momento o serviço de encomenda do álbum encontra-se indisponível – o que indica que o projeto de lançamento não foi adiante.
Army of Nothing pode ser ouvido no site do selo Midsummer Madness (onde também há uma riqueza de informações sobre o Devlish Dear) e também na página da banda no Bandcamp.
Com suas canções conduzidas por camadas de guitarras, filiando-se tanto ao Shoegaze quanto ao Rock Alternativo dos anos 90, mas não de forma ortodoxa, tanto que teve veículo de comunicação gringo adicionando a palavra “folclore” à TAG Shoegaze ao definir a sonoridade da banda, que gosta de trabalhar com esse desvirtuamento dos gêneros que tanto admira, ou como disse Braulio em uma entrevista de 2019: “Gosto de diversificar um pouco pra manter o Rock interessante”.
Lançado no dia 16 de setembro, Army of Nothing – cujo título, que nas palavras de Shelly “é ótimo para alfinetar nossos enviagrados pintores de meio-fio” – tem dez faixas, sendo a maior parte instrumentais, e quatro em que a vocalista coloca sua voz: “Hurtful Pleasures”, “Mouse on Wheel”, a atordoante “Evidence” (o único single) e “Infectious”.
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Em diversos aspectos e, principalmente em termos sonoros, a percepção é que o novo disco se conecta de várias formas com o trabalho anterior, seja no uso dos elementos usados para construir os arranjos ou na mescla de canções com vocais e instrumentais. Destaca-se a mixagem das guitarras, em volume altíssimo e construindo camadas de barulho em alguns momentos, e os vocais etéreos de Shelly, que aqui surgem mais destacados diante da massa de barulho mesmo quando se confunde com ela.
Para uma próxima Lista de 7 de bandas nacionais com ênfase em guitarras, certamente o trio Devlish Dear será presença garantida.
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