Anote, “Ministry” e “Reveries” são duas das melhores canções de 2019. Pode parecer pouco, mas não é. Num álbum de nove faixas, ter duas excelentes e mais sete muito boas não é pouco. Ao contrário, demonstra as qualidades de Lux Prima, primeiro, quiçá não último, trabalho colaborativo entre a vocalista Karen O. (Yeah Yeah Yeahs) e o requisitadíssimo músico e produtor Danger Mouse (Gnarls Barkley).
A junção das mentalidades musicais dos dois artistas gera um resultado de muitos adjetivos. Faz de Lux Prima um álbum diversificado dentro de um território de arranjos e propostas bastante conhecido por ambos. Sonoramente não há como não associá-lo ao álbum Rome, lançado pelo produtor em 2011, em parceria com a artista italiana Daniele Luppi.
O que o torna diferente é o ineditismo da colaboração. Lux Prima permite a Karen alargar mais as suas fronteiras vocais, que parece não ter limites, mostrando uma versatilidade incrível. Já de algum tempo a cantora tem se envolvido em projetos diversos, que incluem a trilha sonora do filme Onde Vivem os Monstros e a participação em álbuns de outros artistas, incluindo The Flaming Lips, Swans e Santigold.
A união das individualidades, aparentemente díspares dentro de seus universos musicais, permitiu a composição de canções marcantes, algumas das mais de ambos.
Canções que tanto podem remeter à Bristol dos anos 90 (“Lux Prima”, “Reveries”, “Drown”), quanto ao Funk dos anos 70 pela visão revisionista do Daft Punk (“Turn the Light”), ou ao Chamber-Pop francês por uma ótica pessoal (“Redeemer”, “Reveries”, “Leopard’s Tongue”, “Nox Lumina”).
Numa escala maior, o álbum pode conduzir tanto por cenários imaginários, cinematográficos, quanto ambientes intimistas, ou te dar um empurrão pra dançar, em uma escala menor, já que esse não é o ponto mais explorado do disco.
Lux Prima é um ótimo álbum, funciona tanto no todo quanto isoladamente, o que comprova o seu forte: “as canções”. Em sua quase totalidade elas são enriquecidas por arranjos envolventes que rememoram melodias conhecidas, por conta disso atraentes, quase grudentas.
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Se serve uma analogia muito usada no futebol, quando o time funciona como um todo as individualidades surgem de forma natural. Karen O. e Danger Mouse reafirmam sua importância na música pop atual e brindam 2019 com um álbum inesquecível e que deve ser escutado por quem gosta de música pop bem feita.
FAIXAS:
01. Lux Prima
02. Ministry
03. Turn the Light
04. Woman
05. Redeemer
06. Drown
07. Leopard’s Tongue
08. Reveries
09. Nox Lumina
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