Black Box Recorder e o seu pop sofisticado e incomum


Foto da banda britânica Black Box Recorder para resenha sobre o grupo

A história da Black Box Recorder pode ser resumida assim: Luke Haines (ex-guitarrista do The Auteurs) juntou-se a John Moore (ex-baterista do Jesus and Mary Chain) e formaram o projto. Em seguida, convenceram a vocalista Sarah Nixey (backing vocals da banda Baloon) a entrar na empreitada com a promessa de torná-la famosa.

Em maio de 98, o BBR lançou seu primeiro single, “Child Psychology”, cujo tema é uma garotinha que não consegue se ajustar ao mundo em que vive. Para uma banda de proposta pop, o refrão é bem pesado: “A vida é injusta, se mate ou supere”, razão pela qual foi banida das rádios inglesas.

O primeiro álbum, England Made Me (1998), vem logo em seguida, onde se sobressai a fina ironia ou melancolia das letras, com críticas à sociedade inglesa, e arranjos intimistas que combinam perfeitamente com os vocais sedutores de Sarah. É perceptível também a influência de trip-hop na sonoridade da banda. Destacam-se as canções/singles “Child Psychology” e “England Made Me”.

Dois anos depois, já na gravadora Nude, o grupo lança The Facts of Life (2000), que consegue a melhor posição na parada inglesa para o trio. O álbum apresenta a banda lidando com atmosferas mais climáticas e sofisticadas que em sua estreia, aproximando-se ainda mais do formato Trip-Hop, com menos guitarras e, de alguma forma, mais pop. Quanto às letras, continuam cheias de ironia e cinismo, cortesia de Luke Haynes.

Anos depois, falando sobre o álbum, Sarah definiu o segundo álbum do grupo: “A intenção por trás de ‘Facts of Life’ era ter um hit single, e eles foram bem sucedidos” (The intention behind The Facts of Life was to have a hit single and they succeeded very well).

O álbum consegue emplacar o single “The Facts of Life” no Top 20 da parada britânica, a melhor posição conseguida pela banda durante sua carreira, e levá-los ao Top of The Pops. Mas o que poderia ser o início de alguma ascensão no cenário pop é na verdade o começo do fim, segue-se um silêncio de três anos, entrecortado pela coletânea The Worst of Black Box Recorder (2001), formada por singles e b-sides.

Problemas com a gravadora atrasaram o lançamento do pouco inspirado Passionoia (2003), dessa vez pelo selo One Little Indian. É um álbum em que pouca coisa faz lembrar aquela interessante banda do álbum de estreia, talvez a voz sempre atraente de Sarah. Segundo Haynes a ideia foi acelerar o som da banda, para isso adicionaram batidas eletrônicas. Há alguns lampejos criativos, como na ótima “British Racing Green” ou no trip de “When Britain Refused to Sing”.

Após um longo período inativa, sem que tenha sido anunciado o fim, voltaram em 2008 para alguns shows, e apesar das especulações sobre um novo álbum, lançaram apenas um derradeiro single, ‘Keep It In The Family’/‘Do You Believe In God’, dando por encerradas as atividade em 2010.

+++ Leia o ESPECIAL com a banda Whipping Boy

Sarah lançou três álbuns solo entre 2007 e 2018:  Sing, Memory (2007),  Brave Tin Soldiers (2011) e Night Walks (2018). Haynes segue em carreira solo, tendo lançado vários álbuns, o último foi I Sometimes Dream of Glue (2018). John Moore, após o fim do BBR, lançou dois álbuns solo: Half Awake (2005) e Floral Tributes (2008).


:: ÁLBUNS:
– England Made Me (1998)
– The Facts of Life (2000)
– Passionoia (2003)

 

Previous PAVO PAVO – Mystery Hour (2019)
Next WEEZER - Black Album (2019)

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *