“Banda novaiorquina segue seu processo de mudanças sonoras em novo trabalho”
Os novaiorquinos The Men vem apostando em uma sonoridade mais tranquila, diferente de seus primeiros trabalhos, que eram mais focados no hardcore e indie rock. Álbuns como Immaculada (2010), Leave Home (2011) e Open Your Heart (2012), possuem uma vibe mais barulhenta, com ruídos e guitarras, que podem ser descritos como uma espécie de Dinosaur Jr. com uma roupagem a lá Buzzcocks. Foram muito bem recebidos por crítica e público.
A mudança de sonoridade começou com Tomorrow`s Hits (2014), onde a banda adotou um som mais limpo, engajado no country- rock que passeia por Neil Young, flertando com Velvet Underground. O vocalista e guitarrista Nick Chiericozzi, atribuiu a mudança à maturidade e aos novos sons que a banda estava ouvindo. De 2014 para cá, os lançamentos da banda têm se mostrado uma grande surpresa, sempre uma amostra dos caminhos que a banda pretende seguir.
Com Drift (2018), o The Men embarcou por uma viagem sonora de universos criativos. A obra possui fortes elementos do Pós-Punk. A banda vem captando suas influências e transitando por gêneros. Assim podemos descrever Mercy, que entrega uma sonoridade mais melódica – quem curte o som do Wilco e The War on Drugs pode simplesmente amar o disco.
A abertura é com a bela e calma “Cool Water”, que inicia com um teclado e cordas, acompanhados por um vocal inspirado em Lou Reed. Em alguns momentos tem uma pegada que lembra Bowie. A canção é bem construída e segue esse ritmo lento e calmo, até entregar solos de guitarras trabalhados e mergulhar no grudento refrão: “Cool water, cool water, cool water, wash over me. Wash over me”. “Walding in Dirty Water” é uma viagem sonora, psicodélica de mais de dez minutos, onde guitarras e teclados lembram The Doors; é a música mais experimental do disco.
As canções em Mercy são referenciais e não se distanciam tanto assim uma da outra.
Em “Fallin’ Thru” há teclado e voz como carro chefe na levada calma no estilo Kurt Vile e Nick Cave, ecoando versos como: “Você pode me ouvir, querida? Eu fiz tudo isso pela verdade. Agora estou caindo”. Uma faixa reflexiva que se dissipa na canção que pode ser o ponto alto do álbum “Children All Over the World”, com aura anos 80, entrega um misto de Tom Petty com Van Halen. A canção ganhou um clip noturno pela cidade de Nova York, com uma vibe bem anos setenta, oitenta, característica presente na música da banda.
“Breeze” resgata a sonoridade dos primeiros álbuns, uma faixa rápida e a mais barulhenta do disco. Como se fosse um mergulho ligeiro pelo Hardcore e Indie Rock dos primeiros trabalhos da banda.
O álbum encerra com a canção que lhe dá título. “Mercy” em português quer dizer misericórdia. É uma canção pertinente, que cabe uma analogia ao momento de medo que paira sobre o mundo, devido ao Corona Vírus, com escolas sendo fechadas, eventos cancelados e cinemas vazios e pessoas morrendo. E as pessoas cada vez mais assustadas uma com as outras. “Me dê paz na minha morte. Misericórdia respirando no meu último suspiro. Eu tenho medo, eu sou como todo o resto. Preciso de misericórdia na hora da minha morte”, diz a letra.
Em um contexto geral, o álbum não desagrada. Se mantém na média. Não é o melhor trabalho da banda, se comparado com obras anteriores. Mas é um álbum que transita por caminhos de uma construção sólida e mostra uma banda firme em suas ambições.
NOTA: 7.5
NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Salvalaio: –
Eduardo Juliano: –
Isaac Lima: –
Luciano Ferreira: –
MÉDIA: 7.5
:: FAIXAS:
01. Cool Water
02. Wading in Dirty Water
03. Fallin’ Thru
04. Children All Over the World
05. Call the Dr.
06. Breeze
07. Mercy 03:16
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