Com “Opera Venus” Mariana Degani casa música e imagem em seu inusitado ‘Trop-Hop’
A paulista Mariana Degani é formada em Moda. Por um tempo, seguiu uma carreira de estilista e figurinista. Porém, artistas inquietos não conseguem se manter apenas em poucas atividades, e dessa forma Mariana foi abraçando outros segmentos artísticos. Muito ligada às artes visuais, em 2007 cria junto com Verônica Alves a dupla Pupillas e começa a se envolver com ilustrações, telas e arte de rua, isso em variadas cidades pelo mundo. Na música, o envolvimento da paulistana começou entre 2007 e 2012 onde foi vocalista do grupo (também) paulista Longetude 46.
Em carreira solo, o primeiro álbum chegou em 2016 com o título de Furtacor. Opera Venus, o sucessor, foi lançado dia 05 de junho com a parceria de Remi Chatain, músico amigo de longa data. Cada vez mais é evidente que a cantora traz uma sonoridade que tenta trabalhar com o movimento do corpo e faz um casamento com a linguagem visual e cria no ouvinte todo um choque sensorial. Para ela, unir música e imagem pode ser muito importante. Claro que tudo isso fica bem transparente por conta de seu trabalho com artes visuais (e que vocês leitores podem conferir no videoclipe de “Horda Mulheril” logo abaixo).
Em entrevistas pelos sites, Mariana se diz muito influenciada pelo Trip-Hop do final dos 90’s. Muitas bandas do movimento musical daquela época contribuíram bastante em sua formação musical. Porém, também se sente atraída pela Tropicália. Dessa forma, carinhosamente resolve chamar a sonoridade de sua música como Trop-Hop.
“Lago Cornalina” e “Canto Às Vadias” (faixa presente em Furtacor, agora com remixagem) tem muito de Portishead. A voz confiante de Mariana em meio a efeitos, batidas, recursos eletrônicos e aquele efeito hipnotizador típico do gênero. O tribalismo e a carga de percussões também são bem destacados pela artista sobretudo em faixas como “Horda Mulheril” e “Poslúdio Opera Venus” o que também dá para sentir muito da cultura africana exercendo influências no trabalho.
As letras igualmente merecem destaque. Falando muito da força das mulheres, se valendo de elementos mitológicos, recorrendo a simbologias, a cantora traz toda uma carga poética que muitas vezes pode ser entendível de primeira, ou não. Brincando com a língua portuguesa e a francesa, em “Ceci” a paulista dialoga com o ouvinte falando sobre várias temáticas: a própria concepção artística de se fazer música ou mesmo a situação do país.
Mariana Degani é mais uma cantora interessante que vem trazendo frescor a geração mais nova safra de músicos brasileiros. Da forma que assimila boas influências, pela coragem de se envolver com outras linguagens e como cria sua música, parece que teremos mais surpresas nos próximos trabalhos.
DESTAQUES: “Horda Mulheril”, “Lago Cornalina”, “Ceci”
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